Lançado em DVD pela Versátil, O Ouro de Nápoles, que Vitório De Sica dirigiu em 1953, com roteiro de Cesare Zavattini. Típico produto pós-neo realismo, reúne vários casos e situações cômicas ocorridas num bairro central de Nápoles, no qual muitos cortiços conviviam com alguns palácios. Impossível não tentar uma analogia com o brasileiro Ói Paí Ó, ambientado no pelourinho baiano, em que as várias tramas são mostradas ao mesmo tempo. No cinema italiano daquela época, se costumava contar as histórias uma de cada vez e, cada uma, em torno de um personagem a cargo de um artista famoso. Com isso se barateava a produção, sem desfalcar o elenco das indispensáveis celebridades.
Sofia Loren (na foto) é uma vendedora de pizza cobiçada por todo o bairro; Silvana Mangano, uma prostituta pedida em casamento por um aristocrata; Totó, um músico manipulado por um mafioso; e o próprio De Sica (também na foto) é um jogador disposto a apostar suas propriedades contra o estilingue de um garoto. Na verdade, O Ouro de Nápoles do título é o povo da cidade e seu entusiasmo pela vida. Vale também uma comparação com Gomorra, de Matteo Garrone, vencedor do prêmio do júri em Cannes deste ano. Também se passa em Nápoles, só que num conjunto habitacional miserável, na ignorada periferia da cidade. Os personagens são cidadãos envolvidos de várias formas com o crime e a marginalidade. De tal maneira que a analogia possível é com Cidade de Deus e seu título brasileiro poderia ser “O Lixo de Nápoles”.
Sofia Loren (na foto) é uma vendedora de pizza cobiçada por todo o bairro; Silvana Mangano, uma prostituta pedida em casamento por um aristocrata; Totó, um músico manipulado por um mafioso; e o próprio De Sica (também na foto) é um jogador disposto a apostar suas propriedades contra o estilingue de um garoto. Na verdade, O Ouro de Nápoles do título é o povo da cidade e seu entusiasmo pela vida. Vale também uma comparação com Gomorra, de Matteo Garrone, vencedor do prêmio do júri em Cannes deste ano. Também se passa em Nápoles, só que num conjunto habitacional miserável, na ignorada periferia da cidade. Os personagens são cidadãos envolvidos de várias formas com o crime e a marginalidade. De tal maneira que a analogia possível é com Cidade de Deus e seu título brasileiro poderia ser “O Lixo de Nápoles”.
Chega aos cinemas Gomorra, o vencedor do grande prêmio do júri em Cannes deste ano (na foto). Ao contrário da exuberante cidade turística, cuja imagem mais comum foi desenhada a partir do cinema, o filme se passa em Nápoles, onde a máfia é chamada de Camorra. Em lugar do pitoresco centro histórico que vemos no clássico O Ouro de Nápoles, dirigido por Vitório De Sica em 1953, o filme de Matteo Garrone é ambientado num conjunto habitacional miserável, bem longe da praia e do centro turístico e que pode ser considerado uma favela vertical, ou um gigantesco cortiço.
Os seus personagens são cidadãos envolvidos de várias formas com traficantes e, nesse sentido, o tema apresenta muitos pontos de contato com os brasileiros Cidade de Deus e Linha de Passe. Ou seja, todos estes filmes elaborados dentro do chamado “contexto do popular criminalizado” que, como vemos, não é uma tendência exclusiva do cinema brasileiro. No caso de Gomorra, a analogia com o trabalho de Walter Salles se mostra ainda mais profunda no estilo apressado da montagem, na escolha de atores não-profissionais e na fotografia, que busca o despojamento do documentário. Mas não cabe no aspecto da estrutura da narrativa, cujas linhas mestras se concluem plenamente, ao revelar que fim leva cada um dos personagens centrais. Ao contrário do que acontece em Linha de Passe, algumas das figuras de Gomorra têm o pior destino possível, enquanto outras conseguem se livrar do crime. É o que acontece com um alfaiate que copiava modelos da alta costura a serviço de uma confecção mafiosa. Ele passa a ser marcado para morrer quando se descobre que ele também trabalhava em segredo para um grupo de chineses que fazia a mesma coisa.
Os seus personagens são cidadãos envolvidos de várias formas com traficantes e, nesse sentido, o tema apresenta muitos pontos de contato com os brasileiros Cidade de Deus e Linha de Passe. Ou seja, todos estes filmes elaborados dentro do chamado “contexto do popular criminalizado” que, como vemos, não é uma tendência exclusiva do cinema brasileiro. No caso de Gomorra, a analogia com o trabalho de Walter Salles se mostra ainda mais profunda no estilo apressado da montagem, na escolha de atores não-profissionais e na fotografia, que busca o despojamento do documentário. Mas não cabe no aspecto da estrutura da narrativa, cujas linhas mestras se concluem plenamente, ao revelar que fim leva cada um dos personagens centrais. Ao contrário do que acontece em Linha de Passe, algumas das figuras de Gomorra têm o pior destino possível, enquanto outras conseguem se livrar do crime. É o que acontece com um alfaiate que copiava modelos da alta costura a serviço de uma confecção mafiosa. Ele passa a ser marcado para morrer quando se descobre que ele também trabalhava em segredo para um grupo de chineses que fazia a mesma coisa.
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