Neste ano a Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) inovou em sua premiação na área de cinema. Para chegar a uma escolha mais justa e conectada com as condições atuais do cinema brasileiro, a tradicional relação de sete categorias não foi respeitada pelos críticos paulistas. A premissa era não ignorar a explosão quantitativa e qualitativa atual dos documentários e não colocá-los apenas nas categorias em que naturalmente teriam espaço, como fotografia, montagem e direção. Por isso nós, os críticos presentes (Maria do Rosário Caetano, Neusa Barbosa, Orlando Margarido, Walter Addeo, Celso Sabadin, Luiz Zanin e Luiz Carlos Merten, além de mim) não atribuimos prêmios de fotografia e nem de direção. Mas criamos um prêmio especial do Júri que foi para o documentário Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader e, como melhor filme, escolhemos dois títulos Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, empatado com Serras da Desordem, de Andrea Tonacci. Uma metade deste, aliás, é documentário. E a outra é uma impressionante reconstituição dramática da realidade. Os demais escolhidos foram igualmente procedentes: Atriz, Djin Sganzerla , por Meu Nome é Dindi. Ator, Gustavo Machado, por Olho de Boi. Roteiro, Carlos Reichenbach, por Falsa Loura. Montagem, Carlos Prates, por Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais. (na foto) A seguir, vamos lembrar alguns dos premiados.
Serras da desordem já tinha sido premiado como o melhor filme do Festival de Gramado de 2006. Seu autor é Andréa Tonacci, um cineasta de ponta que, para azar do grande público, tem se refugiado das agruras do mercado, nos documentários e filmes institucionais. Em 1971, ele fez Bang-Bang, até hoje considerado uma obra prima do chamado “cinema de invenção”, ou do “ciclo underground” que, naquela época, era uma das alternativas estéticas ao cinema novo. Enquanto os diretores mais prestigiados se engajavam na denúncia das contradições sociais no Brasil rural, ele filmava a loucura urbana e ousava experimentar novos signos da linguagem cinematográfica. Com 64 anos e ainda trafegando na contramão, agora que o cinema comercial se impôs, ele se embrenha no sertão para revelar um drama inacreditável – muito mais emocionante que qualquer novela. Serras da desordem conta a história de Carapirú, um índio que pertencia a uma tribo nômade massacrada por volta de 1977. Como um dos poucos sobreviventes do grupo, vagou sozinho por 10 anos, até ser capturado e levado para Brasília pelo sertanista Sydney Possuelo, e entra em contato com o filho que julgava morto. Mas essa narrativa é apenas um dos pontos de interesse do filme, que opera magia de captar e reproduzir o contato entre culturas diferentes como se fosse o encontro de duas dimensões de tempo colidindo no mesmo espaço. Para isso recorre aos personagens reais interpretando eles mesmos e a tudo o que aprendeu sobre a arte da montagem.
Serras da desordem já tinha sido premiado como o melhor filme do Festival de Gramado de 2006. Seu autor é Andréa Tonacci, um cineasta de ponta que, para azar do grande público, tem se refugiado das agruras do mercado, nos documentários e filmes institucionais. Em 1971, ele fez Bang-Bang, até hoje considerado uma obra prima do chamado “cinema de invenção”, ou do “ciclo underground” que, naquela época, era uma das alternativas estéticas ao cinema novo. Enquanto os diretores mais prestigiados se engajavam na denúncia das contradições sociais no Brasil rural, ele filmava a loucura urbana e ousava experimentar novos signos da linguagem cinematográfica. Com 64 anos e ainda trafegando na contramão, agora que o cinema comercial se impôs, ele se embrenha no sertão para revelar um drama inacreditável – muito mais emocionante que qualquer novela. Serras da desordem conta a história de Carapirú, um índio que pertencia a uma tribo nômade massacrada por volta de 1977. Como um dos poucos sobreviventes do grupo, vagou sozinho por 10 anos, até ser capturado e levado para Brasília pelo sertanista Sydney Possuelo, e entra em contato com o filho que julgava morto. Mas essa narrativa é apenas um dos pontos de interesse do filme, que opera magia de captar e reproduzir o contato entre culturas diferentes como se fosse o encontro de duas dimensões de tempo colidindo no mesmo espaço. Para isso recorre aos personagens reais interpretando eles mesmos e a tudo o que aprendeu sobre a arte da montagem.
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