Para compensar a casual predominância de figuras masculinas nesta página, eis uma imagem escolhida de Keyra Knightley, no papel título (The Duchess) do filme histórico mais rico da temporada. Aparentemente é mais uma experiência épica típicamente inglesa, como a recente Elizabeth, com Kate Blanchet. Mas A Duquesa, que estréia nesta semana, vai além e elabora um ensaio áudiovisual daquele vibrante trecho final do século XVIII, em que a própria aristocracia se engajava na derrubada da monarquia absoluta e do colonialismo, esteios fundamentais do l'ancien régime. Contemporânea de Maria Antonieta, agora popularizada pelo filme de Sofia Coppolla, ela era uma rebelde com título de nobreza. Trabalhava em campanhas políticas, apoiando os mais liberais, e se vestia com muito mais bom gosto do que a soberana da França. Vivia no interior da Inglaterra, onde o sistema patriarcal era tão rígido quanto no tempo do feudalismo e ousou enfrentar o marido: o poderoso duque de Devonshire, vivido com maestria pelo habilidoso Ralph Fiennes, um brutamontes de fala mansa e gestos delicados. Com apenas 40 anos, o diretor e roteirista Saul Dibb soube trabalhar com o rosto de Keira, fazendo-o se transformar a cada etapa da sofrida trajetória desta mulher que mudou o ambiente social da Europa, ainda que não tenha merecido um lugar de destaque nos manuais de história. Palmas para a direção de arte, em especial para o designer dos figurinos, Michael O'Connor, que nos proporcionou um espetáculo à parte, mostrando como a heroína se vestia e se despia.
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