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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Em "Capitão América - o primeiro vingador", doses de humor e ironia temperam a ação

O personagem de quadrinhos “Capitão América” surgiu em 1941, trazendo uma contradição como defeito de nascença: de um lado encarnava o próprio país e o regime democrático, vestindo-se com as cores, as listas e as estrelas da própria bandeira, e de outro representava um conceito nazista. Ou seja, a criação de super soldados, em laboratório, por meio da disciplina militar, ou da reprodução dirigida. Os heróis típicos dos anos de 1930, como o Superman e Batman tinham vida dupla e identidade secreta. Mas, no que se refere ao Capitão, todos sabem que Steve Rogers era aquele garoto baixinho, fracote e doentiamente patriota que, com a ajuda de um soro inventado por um cientista alemão, se transformaria num guerreiro de força e resistência sobre humanas. Não se tornaria imortal, mas poderia sobreviver hibernando por muitos anos sob o gelo.
Aliás, isso aconteceu de fato nos gibis americanos, porque o personagem perdeu interesse com o fim da Segunda Guerra e só voltou a ser publicado por iniciativa de Stan Lee, na década de 1960. Curiosidade interessante: tanto Superman e Batman, quanto o Capitão América foram concebidos quando seus autores ainda eram estudantes. O filme todo se passa durante a Segunda Guerra, mas também inclui esse processo de renascimento, para permitir a continuação da série.

Nos quadrinhos, a dramaticidade dos heróis depende da força dos vilões que eles enfrentam. Cada um possui o seu: Superman tem Lex Luthor e Batman tem o Coringa, mas pelo menos no universo dos gibis, o campeão é Red Skull, o Caveira Vermelha − um chefe nazista que supera em crueldade o próprio Hitler e que tinha tomado uma dose do mesmo soro miraculoso, antes dele ser levado para os Estados Unidos por seu criador.
Essa poção mágica tem o poder de amplificar as características intrínsecas de quem a ingere. Quem é bonzinho fica melhor ainda, mas quem é mau vira uma peste. Na pele de Hugo Weaving, e modelado pelos técnicos de Hollywood o facínora é a maldade em pessoa. Inspira mais pavor do que a confiança pretendida pelo interprete do Capitão. Trata-se de Chris Evans, que parecia mais vivo e humano como o irreverente Tocha Humana em “O Quarteto Fantástico”.
Mas, até que ele funciona bem no papel desse ser quase artificial e desprovido de qualquer conflito interno: um sujeito que apesar de todos aqueles músculos e do tal soro − que provavelmente era como se chamavam os hormônios nos anos 1940 – durante o filme todo só consegue dar dois beijinhos em criaturas do sexo oposto. A computação gráfica do filme dirigido por Joe Johnston, um designer que ganhou Oscar de efeitos especiais por “Os caçadores da arca perdida”, também dá um show na transformação do protagonista e na precisa ambientação de época, que inclui um impagável número de vaudeville e uma réplica da exposição mundial de 1943 em Nova York.
Mas o melhor do espetáculo fica a cargo do roteirista Christopher Markus, da série “Crônicas de Narnia”. Ele costura a trama com humor e ironia, ao montar um personagem que fora criado pelo governo americano para ser um falso herói, vestido com um uniforme que parodia a bandeira nacional, para exercer a missão de vender bônus para o esforço de guerra. Mas que em seguida se revela verdadeiro, numa espécie de inversão do que aconteceu na história real, tal como foi contada no filme “A Conquista da Honra” (The Flags of our fathers – 2006) de Clint Eastwood. Antes de isso acontecer, o roteiro o trata como uma pessoa de carne e osso virando herói de comics e de filmes publicitários, num curioso momento de metalinguagem. Na vida real, em 1941, quando foi desenvolvido por Joe Simon, segundo o historiador Reinhold Reitberger, lançaram-se outros 40 heróis de motivação patriótica, como The Flag, The Patriot e The Major Liberty (na imagem abaixo).

CAPITÃO AMÉRICA – O PRIMEIRO VINGADOR
Captain America: The First Avenger
EUA 2011 – 124 in. – 10 anos
estreia 29 07 2011
gênero aventura / quadrinhos
Distribuição Paramount
Direção Joe Johnston
Com Chris Evans, Hugo Weaving,
Hayley Atwell, Tommy Lee Jones
COTAÇÃO
* * *
B O M

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O filme brasileiro atualmente de maior bilheteria é também o mais fraco

O atual campeão brasileiro de bilheteria é "Cilada.com", seguido do fraquíssimo "Qualquer Gato Vira-lata". Apesar de muito melhores, em termos de estética e temática, "Estamos juntos" e "Quebrando o tabu" ficam num patamar muito inferior em termos de público.
Realmente o mercado não é justo e, neste caso, valoriza o "besteirol":
Cilada.com............................. 1.184.908
Qualquer Gato Vira-lata............ 1.114.800
Estamos Juntos............................... 26.483
Quebrando o Tabu.......................... 24.182
Baseado num programa de TV, “Cilada.com” é realmente uma armadilha para quem acredita na recuperação da comédia no cinema brasileiro. O enredo, o andamento, a vulgaridade dos diálogos, o superficial na construção dos personagens, tudo remete ao tempo da chamada pornochanchada, com uma única diferença: não há cenas de nudez. Por sua vez, a temática pretende ser atual, porque aborda o drama de alguém que é ridicularizado no universo da internet, depois que um vídeo registrando o seu desastroso desempenho sexual é divulgado pelo YouTube. Ou seja, temos aqui a mesma concepção chula e machista da vida em sociedade e da relação entre os sexos que marcava os produtos da nossa heróica “Boca do Lixo”. O diretor é José Alvarenga Jr, de Xuxas, Trapalhões e “Os Normais”, mas o principal responsável pelo projeto é Bruno Mazzeo, filho de Chico Anísio, roteirista, intérprete e figura central do elenco.
O jovem mostra potencial como ator cômico, principalmente porque adota uma linha minimalista de atuação. Chega a lembrar a fleuma de Buster Keaton ao montar um personagem que praticamente não dá uma só risada ao longo do filme. Ao contrário, todos os demais se divertem com suas desventuras e ele chega a reclamar que também tem o direito de rir. Mas o resto é pura grosseria escatológica, como o sonho com a clínica de tratamento para ejaculação precoce, ou a sequencia da garota de boas intenções e mau hálito. Salvam-se o craque Fúlvio Stefanini (abaixo, numa expressão de "kabuki"), o personagem do cineasta maluco, feito por Serjão Lorosa e a cena da declaração de amor que, aliás, é copiada do documentário “Dont Look Back” (1967) sobre Bob Dylan.


CILADA.COM
Brasil - 2011 – 107 min. – 14 anos
Distribuição Downtown Filmes
estreia 08 07 2011
gênero comédia
Direção José Alvarenga Jr
Com Bruno Mazzeo, Fernanda Paes Leme
COTAÇÃO
*
FRACO

“Assalto ao Banco Central”: mais um crime (im)perfeito nas telas de cinema

“Assalto ao Banco Central” é apenas inspirado no roubo que aconteceu em Fortaleza, em 2005, em que, por meio de um túnel de 80 metros, foram roubados 164 milhões do cofre do Banco Central. A direção do televisivo Marcos Paulo, em seu primeiro trabalho desse tipo no cinema é firme dinâmica. O roteiro de René Belmonte é ágil e bem arquitetado na maneira como mostra o “making of” do crime junto com o andamento da investigação, chefiada por agentes da Polícia Federal, na pele de Lima Duarte e Giulia Gam. Estes são os melhores do elenco, com o velho Lima em grande forma, contracenando com Antonio Abujamra numa cena tão curta quanto engraçada. Milhem Cortaz, mais uma vez num papel de bandido e Hermila Guedes (foto abaixo) no de mulher fatal – ambos um tanto exagerados, ele na macheza e ela no “sex appeal”.
Mas a proposta não é realista e sim alegórica, na busca de uma ambientação que se afastasse dos modelos de filmes policiais hollywoodianos. Os bandidos não são glamourizados como em “Onze homens e um segredo” e nem os policiais que, de resto, foram os que forneceram as principais informações usadas na elaboração do roteiro. Este só peca pela preocupação em fazer humor por meio de determinados personagens: alguns funcionam bem, como o engenheiro comunista de Tonico Pereira. E outros nem tanto, como o garoto crente, apesar de ter sido bem trabalhado por Vinícius de Oliveira, o menino de “Central do Brasil” (foto abaixo). Enfim, sabiamente o filme reproduz a suspeita da imprensa e dos criminalistas de que apenas os “peixes pequenos” ficaram presos na malha da justiça, até porque dos 164 milhões, apenas 20 foram recuperados.

ASSALTO AO BANCO CENTRAL
Brasil 2011 – 104 min. – 12 anos
estreia 22 07 2011
gênero docudrama / policial
Distribuição Fox films
Direção Marcos Paulo
Com Milhem Cortaz, Eriberto Leão, Hermila Guedes,
Giulia Gam, Lima Duarte
COTAÇÃO
* * *
B O M

domingo, 17 de julho de 2011

A comédia italiana “Estranhos Normais” de Gabriele Salvatores é indispensável

Corra porque ainda há tempo para ver “Estranhos Normais” (Happy Family), uma deliciosa comédia do italiano Gabriele Salvatores (Nápoles, 1950) que, em 1992 ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro com o engraçadíssimo “Mediterrâneo”. De lá para cá, ele fez mais de 10 filmes, visitando diversos gêneros, policial, horror e até ficção científica. E agora regressa para a comédia que parece ser o seu seu território natural. Simplesmente porque a graça flui com leveza e espontaneidade. Como se fosse a coisa mais simples do mundo, ainda que a gente saiba que não é bem assim: poucas missões no cinema são tão difíceis quanto a tarefa de provocar o riso. Aqui ele faz um filme que se distancia da comédia italiana digamos tradicional e vai buscar referências tanto na prosa italiana de Pirandello quanto no humorismo americano de Groucho Marx e Woody Allen.
Há inclusive uma sequencia poético-documental rodada em branco e preto para enaltecer a beleza de Milão onde se passa a história. Trata-se se um roteirista de cinema que, assim como o autor de “Manhattan” (1979), se inclui entre os personagens sobre os quais escreve. Em conseqüência, estes “Estranhos Normais” se relacionam com ele num plano extra-fílmico e se rebelam contra os rumos que a narrativa vinha tomando, convencendo-o a alterar o seu desfecho. Numa encenação ao mesmo tempo solta e rigorosa, quase todos os personagens dialogam com a platéia olhando diretamente para a câmara e a trilha sonora é repleta de canções que Simon e Garfunkel lançaram nos anos de 1960.

ESTRANHOS NORMAIS
Happy Family
Itália - 2010 – 90 min. – 14 anos
gênero comédia
estreia 01 07 2011
Distribuição Pandora
Direção Gabriele Salvatores
Com Diego Abatantuono, Fabio De Luigi,
Fabrizio Bentivoglio e Margherita Buy.
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Com "As Relíquias da Morte - Parte 2", se encerra a saga do jovem bruxo

Como diz o vilão Valdemort (Ralph Fiennes) nos derradeiros momentos de "As Relíquias da Morte - Parte 2"... “Só eu posso ser imortal”. De fato, o tema que permeia todo este conjunto de 8 filmes resulta ser o da inevitabilidade da morte. Nos filmes em série que vieram das histórias em quadrinhos os heróis não envelhecem. No máximo são as histórias que retroagem para a juventude deles, como no recente “X Men – Primeira Classe”. Nesta, porém, os filmes estavam fadados a amadurecer no mínimo 10 anos, acompanhando o personagem Harry Potter e seu único intérprete Daniel Radcliff. Mas, nesse processo foi se tornando cavernosa e séria, melhor dizendo sisuda − até com conotações de metáfora política, com a formação de “partidos” e Valdemort tomando o poder no filme anterior.
No entanto, é inegável a unidade formal obtida ao longo desses dez anos em que trabalharam quatro diretores diferentes, ainda que o roteirista de 7 dos 8 filmes tenha sido Steve Kloves. Os primeiros episódios tinham mais colorido e humor, com grandes momentos de cinema, como as partidas de quadribol. Nos finais, porém, a presença da morte vai crescendo, tornando o clima dominante cada vez mais escuro, até o embate derradeiro com as forças do mal. Não se trata apenas de neutralizar o maligno Valdemort, mas de impedir que ele obtenha a imortalidade. Para contrabalançar a depressão, o encerramento é adornado com uma inesperada jogada melodramática, envolvendo o personagem Severus (Alan Rickman - abaixo) que quase se perde pela necessidade de informar o público quanto ao destino de cada um dos diversos integrantes da trama. Como se, no último capítulo de uma novela de TV, o autor só tivesse dez minutos para dizer o que aconteceu com todo o mundo.
Não há aqui qualquer surpresa, inclusive porque boa parte dos seus fãs é feita de leitores dos livros, nos quais o desfecho já aparece. Aqueles que não acompanharam os anteriores até podem compreender esta trama destinada a colocar um ponto final na saga do bruxinho de óculos. Mas não se emocionam como os admiradores que, na sessão de pré-estreia, choravam copiosa e inexplicavelmente diante da morte de determinados personagens secundários. Ou seja, trata-se um espetáculo feito para um público fechado, ainda que, só no Brasil este jamais tenha sido menor do que 3,5 milhões de espectadores a cada exemplar. Ao todo, faturou-se nessa década a soma de 6,3 bilhões de dólares e vendeu-se 400 milhões de livros. Os críticos literários podem não gostar desse resultado, mas é evidente que essa multidão de fãs terá agora que buscar o prazer da leitura em outros livros. O que pode ser muito bom para todos.




HARRY POTTER E AS RELÍQUEAS DA MORTE - PARTE 2
Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2
estreia 15 07 2011
gênero fantasia
EUA, 2011, 132 min, 10 anos
Distribuição Warner
Direção David Yates
Com Daniel Radcliffe, Emma Watson,
Rupert Grint, Helena Bonham Carte,
Ralph Fiennes, Alan Rickman
COTAÇÃO
* * *
B O M

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Filmes com aroma... seria isso uma quarta ou quinta dimensão para o cinema?

Enquanto o faturamento do formato 3D tem diminuído nos Estados Unidos, ele vem aumentando mercados na Europa e no Brasil. A arrecadação nas bilheterias da União Europeia no ano passado foi de quase R$ 15 bilhões, que representa aumento de 5% em relação a 2009. Além disso, dez dos 20 filmes de maior arrecadação em 2010 são dos Estados Unidos. O crescimento da participação norte-americana chegou a 20% na Rússia e 16% na França. Enquanto mostra força no mercado mundial, o 3D enfraquece nos Estados Unidos e para enfrentar essa perda há tentativas curiosas como o quarto episódio da série "Pequenos Espiões", de Robert Rodríguez, que acrescentará uma dimensão aromática à experiência dos espectadores nas salas de cinema. O filme será projetado em 3D mas com uma tecnologia denominada Aromascope, permitindo que a audiência sinta determinados cheiros associados com a ação no filme, durante oito cenas da aventura. Os espectadores receberão um cartão com uma série de números que terão que esfregar à medida que estes apareçam na tela a fim de liberar o aroma correspondente. "Pequenos Espiões" (abaixo) foi uma das primeiras séries a aderir ao fenômeno das três dimensões com o lançamento em 2003 de "Pequenos Espiões", que arrecadou cerca de US$ 200 milhões. Enquanto isso, no Brasil, a justiça determinou que os cinemas desinfetem os óculos de 3D antes de usá-los novamente numa próxima sessão. Espera-se que isso não leve ao aumento nos preços.

Na Cinemateca: os melhores filmes franceses de animação de todos os tempos

Durante o mês de julho, a Cinemateca mostra os melhores filmes franceses de animação de todos os tempos. Desde “Fantasmagoria” de Émile Cohl, um filme de 1908 considerado o primeiro desenho animado da História, a “Um Gato em Paris”, última produção francesa do gênero a chegar ao Brasil, a Mostra passa por obras como “Planeta Fantástico” (foto acima) – que será re-exibido no festival Anima Mundi deste ano. O cinema francês sempre foi fértil em filmes de animação, o que reflete a importância das histórias em quadrinhos, que também têm na França um de seus principais centros criativos.
Trata-se de uma retrospectiva da animação produzida naquele país, com filmes dos mais diversos períodos e estilos, até recentes sucessos, como “Persépolis” (foto acima) de Marjane Satrapi, incluindo as primeiras versões cinematográficas dos populares personagens de quadrinhos, isto é, o gaulês Asterix e o caubói Lucky Luke. Todos os grandes mestres da animação francesa fazem parte da programação. Destaque para os clássicos Paul Grimault, do longa “O Rei e o pássaro” e René Laloux, que ganhou o Prêmio Especial do Júri em Cannes de 1973 com “Planeta fantástico”. Dele será exibido o longa “O Garoto do espaço”, feito em colaboração com o cartunista Jean Giraud, conhecido pelo pseudônimo Moebius. Esses, além de Jean Image, com “Barão de Munchausen” e dos contemporâneos Michel Ocelot de “As Aventuras de Azur e Asmar”, e Sylvain Chomet, de “As Bicicletas de Belleville” e “O Mágico” (foto abaixo) com roteiro de Jacques Tati.