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sexta-feira, 28 de junho de 2013

“Juan dos Mortos”: uma inesperada comédia cubana, de horror e sátira política.


Está em cartaz “Juan dos Mortos” um filme cubano premiado em vários festivais sobre uma epidemia de zumbis. Na próxima semana, com a estreia de “Guerra Mundial Z” da Paramount, teremos outra explosão de mortos vivos nas telas de São Paulo. A principal diferença entre os dois títulos é que, no americano a desgraça é mundial, enquanto o evento cubano fica restrito a ilha de Fidel. Aliás, isso fica em aberto porque, afinal, ali o isolamento das comunicações não permite que os personagens saibam o que acontece no resto do mundo. Aliás, os habitantes de Havana demoram demais para entender o que se passa, justamente porque não estão acostumados, como o resto do planeta, a ver essa enxurrada de filmes e revisas em quadrinhos sob o tema. A primeira (e a única) providência do governo é colocar a culpa nos "dissidentes".
Os cubanos tardam a perceber, por exemplo, que para deter um zumbi facadas e tiros não adiantam, a não ser que sejam apontados para a cabeça do monstro. E assim estamos diante de um fenômeno no mínimo inesperado e que permite várias interpretações. O enredo pode ser uma referência à globalização da cultura que chega, como um vírus, à pátria do socialismo na América Latina. Só que “Juan dos Mortos” é uma coprodução com a Espanha e se acha repleta de críticas ferozes ao sistema político e à situação socioeconômica do país. Por exemplo, os primeiros a serem contaminados são os arapongas do regime e os últimos (ou seja os heróis) são marginais, como contrabandistas, gays e desempregados. Trata-se de uma comédia dirigida por Alejandro Brugués, um argentino radicado em Cuba , muito bem cuidada em termos de diálogos e cinematografia. Ainda assim, um tanto triste de ver, por causa de uma utopia a desabar diante dos nossos olhos.
JUAN DOS MORTOS
Juan de los Muertos
Espanha/Cuba, 100 min, 16 anos
estreia 21 06 2013
gênero comédia/ horror/ política
Distribuição Imovision
Direção: Alejandro Brugés 

Com Alexis Díaz de Villegas, Jorge Molina e Andrea Duro
COTAÇÃO
* * *
B O M

segunda-feira, 24 de junho de 2013

“O Lugar onde tudo termina”: retrato violento e sensível na nova "juventude transviada"

Um das produções independentes mais marcantes e vigorosas do momento é “O Lugar onde tudo termina”, protagonizada por Ryan Gosling, Bradley Cooper e Eva Mendes, com a direção do jovem e ousado Derek Cianfrance (“Namorados para Sempre" - 2010), um cineasta que se formou na Universidade do Colorado, onde estudou com alguns mestres da vanguarda como San Brakhage e Phil Solomon. É difícil sintetizar o enredo do filme, porque ele se esparrama por uma história que muda várias vezes de foco e se concentra em três diferentes protagonistas ao longo da narrativa. 
Tudo começa com um corredor de motocicleta (Ryan Gosling) que se apesenta no Globo da Morte, uma atração de parques de diversão especialmente perigosa. Mais adiante, o núcleo da trama passa para um policial oportunista. Mais adiante, o núcleo da trama passa para um policial honesto, mas oportunista (Bradley Cooper) e, em seguida, para o filho do motoqueiro. Em termos de tratamento dramático, o trabalho da direção oscila de modo surpreendente entre o que parece ser um realismo hipertrofiado e a glamorização da pobreza que beira a marginalidade. 
 
Tanto que, na primeira parte do filme, há traços de Pasolini em “Accattone – Desajuste Social” e Fernando Meirelles em “Cidade de Deus”. A analogia mais cabível, porém seria com Nicholas Ray em "Juventude Transviada", até pela boa dose de melodrama que este filme de Cianfrance carrega, ao desenhar um "rebelde sem causa" dos tempos atuais, ou seja, uma versão contemporânea do personagem que James Dean criou em 1955.
Na maior parte do tempo, por exemplo, o personagem do astro Ryan Gosling (“Drive”) se comunica por meio de monossílabos e usa uma camiseta furada e vestida ao avesso. Depois disso, no roteiro predomina a denúncia da corrupção policial e sua conexão com a política, numa montagem em que a emoção se mostra intensamente valorizada pela música e pelo cuidado com as imagens – tanto nas cenas de intimismo como nas de violência ou nas perseguições, que não seguem uma linha hollywoodiana, e se inspiram nos documentários policiais da televisão. 
                                           
                                           O LUGAR ONDE TUDO TERMINA
                                                The Place Beyond the Pines 
EUA, 2013, 140 min, 16 anos

estreia 21 06 2013

gênero drama / social
Direção Derek Cianfrance 
Distribuição Paris filmes 
Com Ryan Gosling, Bradley Cooper, Eva Mendes
COTAÇÃO
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Ó T I M O