terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Fronteira da Alvorada: retrato em branco e preto de um amor cruel e inconstante
Surpresa: Fronteira da Alvorada (lançado em 05/12/2008) emplaca uma segunda semana, mesmo filmado em branco e preto, sem maquiagem, cenografia, figurinos ou qualquer outro recurso técnico pelo francês Philippe Garrel, novamente com seu filho, o ator Louis Garrel (na foto, com Laura Smet), que também protagonizou Amantes Constantes. Não que o filme seja "dificil" em termos de estrutura. Apresenta a trajetória comum de um casal de amantes. Ela, uma atriz de cinema famosa mas deprimida, cujo marido passa a maior parte do tempo fora do país. E ele, um fotógrafo avesso a qualquer tipo de compromisso, que vive num sótão paupérrimo no centro de Paris. O caso caminha de modo sonolento, até que o marido volta de viagem e o fotógrafo sai de cena. A mulher entra em crise e o filme muda de registro, impedindo que continuemos com este resumo. Para uma idéia concreta do que o público costuma sentir a seguir, basta a informação de que ele foi vaiado em sua apresentação em Cannes. As coisas, que já se mostravam deprimentes, tornam-se ainda mais soturnas com uma virada para o campo do sobrenatural. Mesmo assim há um certo encanto, nessa narrativa fantástica (tomando essa expressão no sentido empregado pelo teórico búlgaro Tzevan Todorov) em que o público não tem uma informação precisa se os fantasmas que vemos na tela estão apenas na mente do personagem, ou não. Mais uma vez, a influência dos contos de Henry James, em que os personagens vivem a contradição entre uma presença insignificante e uma ausência significante.
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