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segunda-feira, 26 de março de 2012

"Pina", um documentário de Wim Wenders é a primeira produção européia rodada em 3D

Wim Wenders hesitou bastante antes de introduzir o vídeo, ou seja, a imagem magnética na realização do filme que dirigia em 1989. Era “A Identidade de Nós Mesmos”, um documentário sobre o designer japonês Yoji Yamamoto, então radicado em Paris. Durante a produção, ele explicitava as suas idéias e reflexões a respeito, nas quais se misturavam receio, fascínio e admiração por aquele novo meio de captar imagens. Naquela época, Wenders presidia o Festival de Cannes, cuja Palma de Ouro foi para “Sexo, Mentiras e Videotape”, de Steven Soderbergh. Agora ao fazer um documentário sobre a coreógrafa Pina Bausch, ele não deve ter hesitado um segundo para decidir fazê-lo em 3D.

Nas mãos dele, essa técnica que acrescenta a dimensão de volume às imagens filmadas parece ter sido criada com o destino específico de registrar a arte da dança. Apenas parece, porque na origem o seu principal objetivo era produzir na mente do público a ilusão de que determinado objeto “saía” do filme para se lançar à platéia.O trem dos Irmãos Lumière, de fato não atropelava a platéia naquela projeção de 1896, mas não há dúvida de que a câmara se posicionava num ponto de visão inacessível às pessoas que observavam a sua chegada na estação. O que o 3D faz pela dança é envolvê-la espacialmente com o espectador, eliminando virtualmente a separação entre palco e platéia. Sentado na primeira fila, na coxia do teatro ou até fazendo parte do espetáculo, nenhum ponto de vista se mostra mais privilegiado do que este que Wenders nos oferece. Digo isso de cátedra, por ter assistido uma das coreografias do filme, no Teatro Municipal de São Paulo, no final dos anos 1970. Era a célebre “Café Muller”, da qual a própria Pina Bausch participava. Em termos de linguagem, o documentário é suntuoso, construído não só a partir das lembranças dos principais colaboradores de Pina Bausch como também das coreografias que ela deixou registradas em cada um de seus corpos.

PINA 3D
França/Reino Unido/Alemanha, 2010, 106 min, 12 anos

estréia 23 03 2012
gênero documentário
Distribuição Imovision
Direção Wim Wenders
Com Pina Bausch, Regina Advento, Malou Airaudo, Ruth Amarante
COTAÇÃO
* * * * *
EXCELENTE

O documentário "Raul - o inicio, o fim e o meio" é uma mosca que caiu na sopa de quem merecia.

O filme não é indicado apenas para os fãs da metamorfose ambulante, porque é o retrato super vivo e colorido sobre o tempo em que Raul viveu. Com essa obra, Walter Carvalho será invejado por todos os documentaristas da atualidade, porque ele teve a sorte de filmar uma cena que deverá entrar para a antologia das mais felizes do gênero, graças a uma mosca que aterrissou na brilhosa careca de Paulo Coelho. No meio da gravação, o próprio entrevistado interrompe o discurso para se mostrar surpreso: ele nunca tinha visto uma mosca ali em Genebra. E como ele estava falando do Raul Seixas, que tinha dividido com o "mago" uma etapa, profundamente mística da sua carreira, era inevitável a relação entre aquela estranha visita com a possibilidade de uma presença sobrenatural do cantor e compositor baiano na filmagem.
Para quem não percebeu a piada do acaso, logo em seguida entra a voz dele cantando “eu sou a mosca que pousou na sua sopa. Todas as grandes canções dele são encenadas, em meio a entrevistas atuais de figuras importantes em sua história, como todas as suas esposas, filhos, parentes, parceiros, empresários, amigos e admiradores famosos como Caetano Veloso, Pedro Bial e Nelson Motta. Isso sem falar em primoroso material de arquivo até então desconhecido. O filme é tão rico que, enquanto nos mostra alegremente esse furacão que foi a sua vida, nos leva a refletir sobre a sociedade e a cultura do país. E entender por quais motivos ele tem até hoje uma multidão de seguidores, que não se esquecem daquela explosiva mistura de criatividade e irreverência.
RAUL – O INÍCIO, O FIM E O MEIO
Brasil, 2012, 115min, 12 anos
estreia 23 03 2012
Gênero documentário
Distribuição Paramount
Direção Walter Carvalho e Leonardo Gudel
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

segunda-feira, 19 de março de 2012

Boa ideia: guerrilheiros do cinema nacional.


A produtora cultural e agência de comunicação Brazucah está com inscrições abertas para o recrutamento de novos "guerrilheiros" do cinema nacional. Os "guerrilheiros Brazucah" ajudam nos lançamentos de filmes compartilhando notícias nas suas redes sociais, participando e mobilizando amigos para sessões e espalhando materiais do filme em pontos estratégicos. Além disso, os participantes que se destacarem ganham ingressos de filmes, participam de pré-estreias exclusivas, workshops e palestras com diretores e atores. Os interessados devem se cadastrar através do blog www.apaixonadosporcinema.com.br até o dia 20 de abril. Quem se cadastrar ainda no mês de março poderá participar das campanhas de lançamento dos filmes "Xingu" (acima)e "Raul – O Início, o Fim e o Meio" (abaixo).

"Habemus papam" tenta brincar com o processo pelo qual se elege cada novo papa.

O título do filme “Habemus Papam” corresponde à frase latina com a qual o Vaticano costuma anunciar a entronização de um novo sumo pontífice do catolicismo. O filme é dirigido por Nani Moretti, cineasta que há muito vem tentando marcar território como criador de comédias cuja essência nada tem a ver com a tradição cômica do cinema italiano. Um humor tão carregado de ironia e sarcasmo, que pouco tem a ver com o riso e com o entretenimento, situando-se mais adequadamente na área da crítica social ou da caricatura jornalística. “O Crocodilo” (2006), por exemplo, foi um desses exercícios de pantomima politicamente destruidora que tinha o próprio Silvio Berlusconi como alvo. Desta vez Moretti fala do Vaticano e de seu processo sucessório, por meio de um cardeal francês que é o escolhido para o trono de São Pedro, mas que se recusa a assumir o cargo.>
A interpretação do veterano Michel Piccolli que faz esse papel é o melhor do filme, em seu sincero desejo de cumprir o dever, lutando contra o impulso de sair correndo e voltar pra casa. Para tentar convencê-lo, os bispos contratam um psicanalista vivido pelo próprio Nani Moretti que se esforça ao máximo para fazer graça. Além das ridículas restrições impostas ao tratamento, como não mencionar a mãe de sua santidade, ele se curva à necessidade de distrair os príncipes da Igreja enclausurados junto a ele no conclave, para evitar acessos coletivos de loucura. A produção é perfeita em termos de locação, elenco e figurinos, mas o roteiro patina no quesito credibilidade e, assim, aniquila qualquer intenção de fazer humorismo. Refiro-me principalmente ao improvável torneio de vôlei criado para preencher o tempo vago dos cardeais trancados no Vaticano, enquanto o eleito não se resolve e dá as suas escapadas pelas ruas de Roma.
HABEMUS PAPAM
França, Italia – 2012 – 102 min. – Livre
estreia 16 03 2012
gênero comédia / religião / drama
Distribuição Vinny Filmes
Direção Nanni Moretti
Com Michel Piccoli, Nanni Moretti,
COTAÇÃO
* * *
BOM

quarta-feira, 14 de março de 2012

"Shame": drama perturbador de um triste personagem contemporâneo

As distribuidoras brasileiras descobriram recentemente que a melhor maneira de dar títulos nacionais aos filmes estrangeiros é simplesmente traduzi-los, sem maiores complicações. Mas este inquietante drama psicológico dirigido pelo inglês Steve Rodney McQueen chega ao cúmulo de ser lançado com o título original, sem tradução. Trata-se de “Shame” que quer dizer vergonha e, também, perda de amor próprio. Esse conceito é essencial ao roteiro, porque o protagonista sente constrangimento e mágoa de si mesmo. Por razões que ficamos sem saber, ele é aquilo que pode ser chamado de viciado em sexo. Parece empregar todo o dinheiro que ganha e também o seu tempo livre em pornografia, prostitutas e encontros ocasionais.

Esse mal estar se amplia com a chegada à cidade da irmã (Carey Mulligan, em notável atuação) uma pessoa tanto ou mais desequilibrada do que ele. É impressionante a cena em que ela entoa o esfuziante hino “New York, New York” num registro oposto ao costumeiro, isto é, de modo melancólico, quase fúnebre e, portanto, irônico. O filme não procura fazer julgamentos morais e nem fornecer explicações psicanalíticas. Apenas descreve o modo como isso impede que o personagem seja minimamente feliz. Ele é um executivo bem sucedido em Nova York, elegante e fisicamente saudável, mas em permanente conflito consigo mesmo. Curiosamente, é interpretado pelo competente ator alemão educado na Irlanda Michael Fassbender, que fará o papel do Dr Carl Jung num filme de David Cronenberg a ser lançado em breve.

“Shame” busca referências nas primeiras obras de Michelangelo Antonioni, que trabalhavam a angustia da incomunicabilidade entre as pessoas. Apresenta pontos de contato com clássicos universais sobre o tema, como “O Último Tango em Paris”, de Bertolucci, ou “Noite Vazia” de Walter Hugo Khoury. Mas, assim como o personagem, carrega uma contradição interna. De um lado, trata essa obsessão como um verdadeiro tormento para ele. Por outro lado, constrói determinadas cenas de sexo com extremo requinte de iluminação, câmara e montagem. Ou seja, aquilo que para o viciado é desonra e degradação, ao diretor Steve Mc Queen serve de pretexto para exibir o seu virtuosismo audiovisual. Talvez seja essa esquizofrenia assumida o que atribua identidade ao filme, diferenciando-o tanto de um realismo moralista quanto da exploração fetichista e estetizada da neurose alheia.

Shame
Reino Unido / 2012/ 101 min/ 18 anos
gênero drama/ psicologia/
estreia 16 03 2012
distribuição Paris Filmes
Direção Steve McQueen
Com Michael Fassbender e Carfy Mulligan
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

quarta-feira, 7 de março de 2012

Saiba o que é a "ressaca pós Oscar", fase em que há uma "overdose" de filmes na praça

O mercado de cinema no Brasil se parece com uma onda, que tem o pico em seu ponto mais alto e, em seguida, desaba para o refluxo. Ou seja, depois de um período em que todos os títulos que concorrem ao Oscar são lançados e, é claro, permanecem em cartaz. Isso quer dizer que continuam em exibição grandes filmes, como “A Separação”, “O Artista”, “A Invenção de Hugo Cabret” (foto abaixo), “Histórias Cruzadas” (foto acima) e “A Dama de Ferro”. Sem falar de “O espião que sabia demais”, “Millenium” e “Albert Nobbs”. De modo que os distribuidores não querem fazer a loucura de lançar agora os seus produtos mais ambiciosos já comprados para enfrentar a competição com todos esses pesos pesados. E isso também acontece nos EUA que, neste fim, de semana são lançados apenas duas estreias de grande porte: a principal é "O Lorax – Em Busca da Trúfula Perdida", uma comédia de animação que entrou em cartaz em 3,6 mil cinemas. A outra é também uma comédia "Projeto X – Uma Festa Fora de Controle", que tem produção do diretor da série "Se Beber, Não Case", Todd Phillips, que vai para três mil cinemas. Em circuito muito menor, entraram em cartaz o documentário "Isto Não É Um Filme", sobre a prisão do cineasta iraniano Jafar Panahi que ocupou quatro salas e o drama "Borboletas Negras". Quem sabe seja a hora de buscar o cinema dentro de uma peça de teatro, como o musical “A Família Adams”, que acaba de estrear.

Em "Drive", o herói é um combinado de atleta, bandido e cavaleiro andante.

A maior parte dos críticos se encantou com "Drive", uma narrativa ambientada em Los Angeles, em torno de um motorista (Ryan Gosling) que trabalha como stuntman, isto é, como dublê em cenas perigosas de cinema. Por ser um piloto muito hábil, ele também participa de corridas e de assaltos, ajudando ladrões a fugirem rapidamente da cena do crime. Quase não fala, não sorri e nem chegamos a ouvir o seu nome, mesmo quando se encanta platonicamente com uma jovem vizinha do prédio em que mora, sem saber que ela (Carey Mulligan) é casada com um bandido prestes a sair do presídio.
Gosling trabalha numa linha totalmente minimalista, só movendo os músculos da face quando entra em combate corporal com alguém. O filme foi considerado como uma atualização do clássico “Taxi Driver”, de Martin Scorcese, em que o taxista Robert De Niro resolve interferir na mísera existência de uma prostituta adolescente interpretada por Jodie Foster, assim como o nosso motorista procura dar uma solução para a encrenca em que se encontra a personagem de Carey Mulligan − da mesma forma como um cavaleiro andante faria com a donzela atacada pelo dragão, como bem lembrou um colega.
Mas para os cinéfilos, o principal encanto deste filme dirigido pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn, que construiu fama de cineasta alternativo por seus filmes sempre violentos, é o fato de captar com câmaras digitais de última geração um universo equivalente ao que diretores dos anos 1940 faziam em sombrio branco e preto, com histórias e personagens do mesmo tipo. Ou seja, Drive é quase um film noir, sem o claro-escuro das obras de Fritz Lang, John Huston e Orson Welles, filmado em alta-definição. Outro atrativo é a montagem que brinca com o tempo, fazendo-o alongar-se ou se condensar conforme o clima dominante. Na sequencia inicial, por exemplo, o protagonista anuncia que a fuga iria levar cinco minutos e é exatamente isso que ela dura no filme. Mais adiante, na cena da briga dentro do elevador, desde já destinada a se tornar antológica também pela brutalidade, o tempo é esticado para dar lugar ao único gesto de carinho entre o herói e a mocinha.
Drive
Drive
EUA, 2011, 100 min
gênero drama / ação / policial
Distribuição Imagem
Direção Nicolas Winding Refn
Com Ryan Gosling, Carey Muligan
COTAÇÃO
* * *
B O M

"A Separação", o filme iraniano premiado com o Oscar ainda está em cartaz.

O iraniano “A Separação” ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro. É de fato um trabalho excepcional. Primeiro porque rompe com a crença de que filme iraniano é sonolento e contemplativo, uma imagem fixada depois de uma longa safra de títulos nessa linha. Trata-se, porém, de uma história carregada de tensões e conflitos, contada com agilidade e transmitindo uma angustiante impressão de urgência. Imagine um casal que está se separando porque ela resolve se mudar para outro país, enquanto ele decide permanecer no Irã, principalmente para cuidar do pai doente e senil. Eles parecem pertencer ao que chamaríamos de classe média, porque vivem num apartamento confortável e cada um tem o seu próprio automóvel.

Tudo se complica quando o marido precisa encontrar uma empregada doméstica para ajudar a família e o faz às pressas contratando a primeira pessoa que aparece. Uma mulher, aliás, extremamente educada e religiosa, mas cujo marido, se morasse no Brasil receberia o qualificativo de “trambiqueiro”, ou malandro. Após um contratempo envolvendo o velho pai, o patrão precisa demiti-la e a discussão vai parar na justiça que, como se nota no filme, não é lenta como entre nós, mas visivelmente caótica e confusa, por conta mesmo do regime teocrático daquele país. Por vezes chegamos a sentir certo alívio por não vivermos naquele mundo cheio de regras e proibições que podemos considerar absurdas. Mas acabamos verificando que, apesar das diferenças políticas e culturais, vivemos numa barafunda equivalente, só que numa outra língua.

A SEPARAÇÃO
Jodaeiye Nader az Simin
Irã, 2011, 123 min, 12 anos
gênero drama / social
Distribuição Imovision
Direção Asghar Farhadi
Elenco Leila Hatami, Peyman Moadi, Shahab Hosseini
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

quinta-feira, 1 de março de 2012

A comédia "Billi Pig" tenta reeditar o clima das antigas chanchadas da Atlântida

Som perfeito, inclusive nas filmagens em locação que predominam no filme, imagem colorida e cristalina, mixagem sonora pela qual se entende absolutamente tudo o que os atores dizem e até efeitos especiais para permitir que bonecos de borracha saiam correndo pelo cenário. Esse seria o sonho impossível dos produtores brasileiros que, mesmo assim, há meio século atraiam multidões para os cinemas. Ou seja, recursos inacessíveis àqueles batalhadores que filmavam às próprias custas, sem patrocínio de qualquer empresa e nem um pingo de apoio estatal. Uma zona de conforto que Watson Macedo, Oswaldo Massaini ou Mazzaropi não imaginavam que um dia viesse a existir. Hoje, porém, quando alguém se propõe a criar uma comédia (quase) musical na mesma linha da Atlântida ou da Cinedistri, não consegue arrancar uma única risada da platéia, mesmo com todas as facilidades acima descritas. E o que é espantoso, contando com uma dupla cômica mais bem instruída e alimentada do que Oscarito e Grande Otelo e uma mocinha que supera em curvas, caras e bocas a graça de Eliana. Falo de Selton Mello, Milton Gonçalves e Grazi Massaferra.
O enredo lembra de fato as farsas das chanchadas clássicas: um corretor de seguros arruinado (Selton Mello) sonha em se hospedar com a esposa (Grazi Massaferra) num hotel cinco estrelas, com a esperança de salvar o casamento. Para isso aproveita um acidente ocorrido com a filha do chefe de uma quadrilha local de traficantes (Otávio Muller). Convoca um falso padre (Milton Gonçalves) milagreiro da vizinhança em Marechal Hermes, para aplicar um golpe no bandido, mais ou menos como a falsa cartomante (Violeta Ferraz) de “Quem Sabe, Sabe” (1956) fazia com a vizinhança. O diretor José Belmonte é um craque em dramas, densos e profundos, excelentes como “A Concepção” e “Meu Mundo em Perigo”. Mas infelizmente não acertou nesse que é o gênero mais difícil de todos e no qual gente simples como Zé Trindade e Dercy Gonçalves se esbaldava. Nem mesmo o estratagema de inserir na trama números musicais inteiros chegou a funcionar e o resultado ficou aquém de qualquer chanchada dos anos 1950.
BILLI PIG
Brasil, 2012, 98 min, 12 anos
estreia 02 03 2012
gênero comédia / música
Distribuição Imagem Filmes
Direção José Eduardo Belmonte
Com Selton Mello, Milton Gonçalves,
Otávio Muller e Grazi Massafera
COTAÇÃO
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REGULAR