Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Chamado de Central da China", Walter Salles lança Zia Zhangke, um Homem de Fenyang"

Este filme que reflete a independência cinematográfica do país. O cineasta que conquistou o mundo com a excelência de seu trabalho em “Central do Brasil”, que concorreu ao Oscar de 1999. Agora ele lança um filme já aplaudido nos festivais do mundo todo e que alguns comentários bem humorados chamam de “Central da China”
 Falamos de “Jia Zhangke, um Homem de Fenyang”. Trata-se de um documentário dirigido por Walter Salles. Num artigo recente para acompanhar o seu lançamento, ele nos confidencia que a personagem de Fernanda Montenegro em “Central do Brasil” talvez fosse uma referência inconsciente à figura de sua mãe, que lá trabalhou aos 18 anos. O detalhe eletrizante é que ele só ficou sabendo disso, dez anos após a sua morte.
O tema do filme é a biografia e a carreira do cineasta chinês mais significativo do momento: o autor de “Em Busca da Vida” e “Um toque de pecado”, sobre manifestações de violência do povo chinês. O roteiro se resume a uma longa entrevista que acontece enquanto Zhangke revisita os lugares da sua infância e algumas locações de seus filmes, como o escandaloso e iconoclasta “Um toque de pecado”. Ao contrário de uma obra analítica e racional, porém, este documentário alcança momentos de pura emoção.

No meio da filmagem, o diretor chinês recebeu a notícia de que o atrevido e surpreendente “Um toque de pecado” que aliás, já foi exibido no Brasil, acabara de ser proibido pelo governo chinês. A entrevista, a partir daí, ganhou uma tonalidade absolutamente dramática, quase trágica. Em seu artigo, Salles escreve o seguinte: “Foi assim que essa conversa, tão próxima do cinema direto quanto inesperada, fez parte do nosso documentário”.

Em" Infância", recordações verdadeiras se misturam com as versões poeticas do passado

Domingos de Oliveira continua filmando “Todas as Mulheres do Mundo”. Só que, em lugar de suas namoradas, Leila Diniz e Joana Fomm, como ele fez em 1966, meio século mais tarde aparecem as lembranças de sua mãe e sua avó no filme Infância.

Trata-se da própria infância do cineasta, tal como ele se recorda do tempo em que ainda não completara 10 anos e vivia num casarão senhorial dos avós. Num tempo em que Carlos Lacerda ameaçava a estabilidade do governo Vargas e os pais Paulo Beti e Priscilla Rosenbaun moravam na casa da matriarca Fernanda Montenegro. Ela não descolava o ouvido do rádio, quando Carlos Lacerda falava. Num momento notável do filme narrado pelo próprio Domingos, ela se assusta ao olhar o rosto do neto e ver ali os olhos do marido morto.

Assim como fez Fellini em “Amarcord”, as recordações verdadeiras se misturam com as versões poéticas do passado. E por entre os fantasmas que evocam as imagens do tio histérico, do odioso primo mais velho e da tentadora copeira, sobressaem as figuras dominantes da mãe e da avó – insuportável e fascinante.

Na descrição de todos esses tipos, desenhados de forma vívida e carinhosa, é inevitável uma comparação com a maneira marcada por Nelson Rodrigues em suas narrativas familiares. Uma ironia adocicada pelas três décadas de diferença nas idades dos dois escritores e pela influência das obras de Luchino Visconti, que Domingos pode ter assistido de mãos dadas com algumas das moças aqui mencionadas.


Ao som de Francisco Alves cantando “Boa Noite Meu Grande Amor”, a reunião termina com uma foto posada de toda a família, como costumava acontecer nos dias de festa, e permitindo que Domingos agradeça de viva voz a essa arte sem a qual não haveria filmes de época.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

"Rio Cigano" surpreende pela filmagem de grandes grupos de figurantes em movimento

Decididamente este é um ano em que se destaca a qualidade do cinema brasileiro. Não somente em produções de grande e médio porte, como “Que horas ela Volta”, mas também em projetos de baixo orçamento, como “Entrando numa Roubada” e este surpreendente “Rio Cigano”.

Este é o longa de estreia da jovem Julia Zakia, há pouco tempo formada pela USP, mas já conhecida em vários festivais, por força de seus curta-metragens. O roteiro se inspira na tradição dos ciganos e realiza uma curiosa transposição da história da Condessa Bathory, da Hungria do século XVI, para o interior do Brasil. Para isso ela contou com o apoio de dois veteranos, verdadeiros mestres da arte cinematográfica: a montadora Idê Lacreta, de “A Hora da Estrela” e o fotógrafo Adrien Cooper, do clássico “Chapeleiros”, esse um profissional que agora completa 70 anos.

Julia Zakia é também uma das atrizes principais de Rio Cigano e surpreende também pela habilidade em filmar grandes grupos de figurantes em movimento, como sabiam fazer os craques de antigamente, como Lima Barreto de “O Cangaceiro”. Reunindo alguns grupos de ciganos, ela recriou toda uma tribo em deslocamento pelo sertão do Brasil, numa época e num lugar indefinidos.



Ao atravessar uma fazenda, eles deparam com uma misteriosa condessa que vive reclusa num casarão, onde pratica rituais demoníacos envolvendo o sangue de jovens mulheres. A personagem de Julia é uma menina cigana raptada pelos capangas da Condessa, mas que é poupada para servir como criada. O filme já foi aplaudido em Festivais como Viña del Mar, Rio de Janeiro e Tiradentes. Competência ele já mostrou. Agora vai precisar de sorte, porque, com um mínimo de recursos para a sua divulgação, “Rio Cigano” chega a São Paulo, que é o maior circuito de cinema do país.