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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

"A Filha do mal", Fernanda Andrade é o mais novo rosto brasileiro em Hollywood

Ela nasceu em São José dos Campos, há 27 anos e se chama Fernanda Andrade: mais uma atriz brasileira que se destaca nos EUA. Cresceu em Campinas e só começou nesse ofício, porque o pai foi transferido para Miami. Desde o ano 2000, ela trabalha em séries para a TV e telefilmes, especialmente no CSI e no Law & Order. Mas agora ela protagoniza um inesperado sucesso de bilheteria. Trata-se “A Filha do mal”, um falso documentário de horror, na linha de “A Bruxa de Blair” e “Atividade Paranormal”. Com um orçamento de apenas 1 milhão de dólares, que representa uma quantia ridícula para os padrões hollywoodianos, o filme faturou 33 milhões de dólares no primeiro fim de semana, 14 a mais do que "Missão Imposível", que custou 145 milhões.

Dá para perceber que a moça é bonita e tem talento, mas a fotografia precária do filme não valoriza o trabalho dela e de nenhum dos atores. O texto dos diálogos até que não é de todo ruim, mas o problema é justamente a estrutura que imita um documentário e não permite qualquer aprofundamento dramático. Ela faz o papel da filha de uma italiana que matou duas pessoas durante um ritual de exorcismo e cumpre prisão perpétua num sanatório em Roma. Junto com um cinegrafista e dois padres exorcista, ela pretende investigar a verdade e nos conduz a uma atmosfera horripilante.

A FILHA DO MAL
The Devil Inside
estreia 03 02 2012
EUA, 2012, 83 min, 14 anos
gênero falso documentário / horror
Distribuição: Paramount
Direção Willian Brent Bell
Com Fernanda Andrade, Simon Quarterman, Evan Helmuth
COTAÇÃO
* *
REGULAR

Crítico e divertido “Histórias Cruzadas” é o melhor lançamento da semana

O lançamento mais interessante desta semana é “Histórias Cruzadas”, produção da Disney insistindo na linha do melodrama na qual às vezes acerta. É o caso deste trabalho de Tate Taylor, um ator mediano (“Inverno da Alma” – 2010) que, com este filme se lança como roteirista e diretor de primeira grandeza. De estatura quase equivalente à de “A Cor Púrpura” (1985) de Steven Spielberg, o filme tem 4 indicações ao Oscar: além de melhor filme, 2 para atrizes coadjuvantes e uma para melhor atriz, na qual é favorito. Formalmente, a protagonista é a simpática Emma Stone (“Zumbilândia” – 2009), interpretando uma jornalista recém formada que, em plena década de 1960, decide escrever um livro sobre o cotidiano massacrante
das domésticas negras da cidade de Jackson, no Mississipi.

Mas quem carrega o componente emocional do filme quase por inteiro é Viola Davis (“Dúvida” – 2008), numa atuação que lhe dá condição de competir com as demais concorrentes ao troféu de melhor atriz do cinema americano neste ano. Ela interpreta a criada da moça que lhe fornece as principais informações da reportagem, arriscando-se a enfrentar a fúria de toda a cidade e até da temível Ku Klux Klan, ainda atuante naquela época e naquele estado, em que a segregação racial era lei.

Como coadjuvantes, numa linha ao mesmo tempo cômica e dramática, temos Octavia Spencer (“Sete Vidas” – 2008), a melhor e pior cozinheira da cidade e Jessica Chastain (a mãe da “Árvore da Vida”- 2011), no papel de uma loira tão segregada quanto as empregadas de cor, ou seja, a forasteira casada com um dos homens mais ricos da cidade. Entre as duas, entretanto, Octavia se destaca pela curiosa integração de revolta, sarcasmo e bom humor que consegue imprimir à sua personagem. Mais uma vez podemos observar como o cinema americano se dispõe a criticar alguns dos aspectos mais constrangedores da história daquele país.

HISTÓRIAS CRUZADAS
The Help
estreia 03 02 2012
EUA/Índia/Emirados Árabes, 2011, 146 min, 14 anos
gênero drama / social / costumes
Distribuição: Walt Disney Pictures
Direção Tate Taylor
Com Viola Davis, Emma Stone,
Octavia Spencer e Jessica Chastain
COTAÇÃO
* * * *
Ó T I M O

"O Artista", uma novidade com cara de antiguidade e 10 indicações ao Oscar

Jean Dujardin foi escolhido pelo sindicato dos artistas de cinema dos Estados Unidos como o melhor ator de 2011, por sua atuação em “O Artista”. Curioso é o fato de ele ser francês, assim como o próprio espetáculo, que se passa em Hollywood, no final da década de 1930 − época em que os filmes falados começavam a conquistar o espaço do cinema mudo, passando a substituí-lo na indústria cinematográfica. Inspirado no visual de Mandrake (herói de HQ criado por Lee Falk em 1934), seu personagem é um astro do cinema mudo que não se adapta às mudanças e que foi construído como uma alegoria, ou seja, a partir de traços de personalidade de diversas pessoas reais: um pouco de Errol Flyn, Charles Chaplin, Douglas Fairbanks, Fred Astaire e Rodolfo Valentino.

Uma personalidade inspirada nesses figurões só poderia desenvolver um ego especialmente hipertrofiado de modo que, por orgulho e excesso de confiança, não admite a queda e não aceita ajuda de ninguém. Nem da estrelinha vivida pela franco-argentina Berenice Bejo − competindo ao Oscar de atriz coadjuvante − que o ama em segredo enquanto se transforma numa celebridade dos talkies. O enredo se situa na transição do cinema mudo para o falado, compondo uma espécie de alegoria dos fatos e dos agentes históricos. Mais ou menos como fez Billy Wilder em "O Crepúsculo dos Deuses" (Sunset Blvd - 1950)


Não se trata, portanto, de um ensaio didático sobre aquele período e sim de uma trama alegórica sobre a soberba e a vaidade. De modo semelhante ao seriado televisivo “O Brado Retumbante”, ao elaborar a alegoria de um presidente que tem um pouquinho de diversos indivíduos que de fato ocuparam a presidência, para fazer ficção com a ideia de um político para quem os fins não justificam os meios. É o que acontece também com praticamente todo o faroeste: a época está retratada em todos os exemplares do gênero − usos e costumes, roupas, armas etc. Mas, em lugar dos verdadeiros caubóis e pistoleiros do passado, temos somente alegorias em ação. O fato de “O Artista” ser mudo e em branco e preto é um destaque a mais para a atuação de Dujardin, a música de Ludovic Bource e a direção de Michel Hazanavicious − todos concorrendo ao Oscar, num total de 10 indicações.

É impressionante como a comédia se transmuta em drama e depois retorna ao veio original, garantindo uma narrativa absolutamente clara e rica em pormenores culturais, técnicos e psicológicos, mesmo com um mínimo de letreiros. Destaque para as passagens de interação do herói com o cachorrinho que é o seu principal parceiro e para a cena em que Berenice Bejo contracena com a roupa de seu amado. “O Artista” é uma prova de que Chaplin estaca correto quando ponderou que a estética do filme mudo ainda não tinha esgotado todas as suas possibilidades, quando foi interrompida em sua evolução pelo advento do som. E assim como o fez o personagem, produziu “Luzes da Cidade” e “Tempos Modernos”, em plena era do cinema falado. A surpresa maior de todas, entretanto, é o próprio diretor Hazanavicious que, antes desta experiência notável, fizera com o próprio Dujardin os sofríveis filmes do “Agente 117”, uma paródia infeliz de James Bond.

O ARTISTA
The Artist
estreia 10 02 2012
gênero comédia / musical / romance / drama
França / 100 min / branco e preto / mudo
distribuição Paris Filmes
Direção Michel Hazanavicious
Com Jean Dujardin, Berenice Bejo, John Goodman, James Cromwell
COTAÇÃO
* * * *
Ó T I M O

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Os principais filmes que concorrem ao Oscar 2012: as novidades e algumas injustiças

Está publicada a lista dos concorrentes ao Oscar de 2012, um evento que nenhum crítico de cinema deixa de comentar. Neste ano as indicações para melhor filme se referem a títulos de indiscutível qualidade. Nesta semana estréia um deles, que é “Os descendentes”, protagonizado por George Clooney que, inclusive, concorre com ele para o prêmio de melhor ator. Aliás, Clooney é igualmente candidato a melhor roteirista pelo filme “Tudo pelo Poder”, que já se acha em cartaz. Também estreia “Millenium: O homem que não amava as mulheres” (versão americana) – que concorre a melhor atriz e a vários prêmios técnicos. Alguns dos meus favoritos fazem parte da lista, como “Árvore da Vida” de Terrence Malick; “Cavalo de Guerra”, produzido por Steven Spielberg e que está em cartaz; “Meia Noite em Paris” de Woody Allen; “Histórias Cruzadas” de Tate Taylor (ainda não lançado) e o sensacional “O Artista” de Michel Hazanavicius, com estréia para breve. (foto acima).

Este é o raríssimo caso de um filme mudo e em branco e preto que tem toda a condição de derrubar os demais competidores. As maiores injustiças, porém se acham na área do desenho animado, que deixa de lado obras primas como “Rio”, de Carlos Saldanha, e “As Aventuras de Tin Tin”, (acima) de Steven Spielberg para incluir o medíocre “O Gato de Botas”. Como que para compensar, “Rio” só concorre a melhor canção, de Sergio Mendes, e “Tin Tin” só é indicado para melhor trilha sonora, composta por John Williams. Abaixo, Martin Scorcese atuando em seu filme "A Invenção de Hugo Cabret", que faz referência a Méliès e e Julio Verne.


"Os homens que não amavam as mulheres" (versão americana) concorre ao Oscar

Protagonizada por Daniel Craig ("Casino Royale") e dirigida por David Fincher ("O Curioso Caso de Banjamin Button), estreia a versão americana do sueco “Millenium - Os homens que não amavam as mulheres”. De elevada qualidade, o filme pode ser resumido como uma mistura de Bergman com Hitchcock. Ou seja, suspense de alta voltagem, montado a partir de personagens aprofundados e ancorados na concretude dos mundos psíquico e social em que vivemos. O personagem central é um jornalista injustamente preso e condenado por difamação. Impedido de trabalhar na mídia, ele é contratado para investigar o desaparecimento da sobrinha de um magnata que vive recluso numa ilha. Há inicialmente uma homenagem a "Blow Up" de Michelangelo Antonioni, quando o herói aplica as técnicas jornalísticas tradicionais, vasculhando arquivos e dissecando documentos. Mas quando entra em cena a intrigante figura de uma hacker profissional que se associa a ele, o filme dá destaque à internet e aos procedimentos digitais de pesquisa. Esta é vivida por Rooney Mara ("A hora do pesadelo") que concorre ao Oscar de melhor atriz. Um dos encantos do filme, aliás, é esse confronto entre personalidades formadas por duas culturas quase antagônicas, que teria tudo para cair no lugar comum hollyoodiano em que homem e mulher se odeiam a princípio e, depois, se amam. O horror vai se adensando à medida que eles se aproximam dos suspeitos e vão reconstituindo uma série de outros crimes até então não resolvidos. Ironicamente, esses assassinatos são cometidos por um ex-militante nazista que mata mulheres conforme determinadas execuções e cenas de violência descritas no antigo testamento.

MILLENNIUM - OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES
The Girl with the Dragon Tattoo
EUA / Suécia / Reino Unido / Alemanha, 2011, 158 min, 16 anos
estreia 27 01 2012
gênero suspense / policial
Distribuição Colúmbia
Direção David Fincher
Com Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer
COTAÇÃO
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ÓTIMO

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Lançado em DVD: "Rudo e Cursi": tudo para ser uma comédia brasileira, mas é mexicana

“Rudo e Cursi” é uma engraçadíssima comédia mexicana produzida por profissionais de alto prestígio, como Guillermo del Toro (“O Labirinto do Fauno”) , Alejandro Iñarritu (“Babel”) e Alfonso Cuarón (“Filhosda Esperança”). Mas fracassou nos EUA e no Brasil foi lançado apenas em DVD. Uma possível explicação reside no fato do filme fazer uma crítica cruel e contundente ao mundo do futebol – esporte que os americanos desprezam e os brasileiros idolatram. A linha é realista, com um toque caricatural, ou seja, uma narrativa satírica que carrega um pouco nas tintas. Mesmo assim, mostra forte semelhança com o acontece aqui no Brasil. Interpretados pelos competentes Diego Luna e Gael Garcia Bernal, dois irmãos paupérrimos, econômica e culturalmente, trabalham de carregadores numa plantação de banana.
Ignorantes, grosseiros e sem um pingo de educação, ambos são contratados para jogar futebol na capital e acabam fazendo sucesso: um como atacante e outro como goleiro, em times diferentes. Mesmo roubados por seu empresário, eles ganham rios de dinheiro. Uma fortuna que é totalmente empregada em automóveis de luxo, drogas, jogos de azar, mulheres desonestas e vaidades pessoais. O personagem de Garcia Bernal, por exemplo, faz de tudo para se tornar um cantor e se apaixona por uma apresentadora de TV de quinta categoria, que destrói o mínimo que possuía em termos de auto-estima. Até aí, a comédia se parece com um documentário. Mas o roteirista e diretor Carlos Cuarón (“E sua mãe também”) cria uma engenhosa trama pela qual os irmãos entram num conflito que vai se resolver de forma hilariante em pleno campo. Uma sequencia em que se combinam suspense e comédia, como poucas vezes se viu no cinema. Merece quatro estrelas...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ainda é tempo de ver "Tudo pelo poder", um excelente trabalho de George Clooney

“Tudo pelo Poder” é um admirável trabalho autoral de George Clooney, produzido em parceria com Leonardo di Caprio. Além disso, Clooney escreve o roteiro, dirige e interpreta um dos papéis principais neste drama que tem como tema o maquiavelismo e a desonestidade envolvida numa campanha presidencial. Ele faz o papel de um candidato democrata, cujo discurso assumidamente populista é cativante demais para ser verdadeiro. O protagonista, porém, é um de seus mais jovens e idealistas assessores, interpretado por Ryan Gosling. Durante a maior parte do filme, ele se coloca em conflito com o veterano e pragmático coordenador da campanha vivido pelo craque Phillip Seymour Hoffman e também com personagem de Paul Giamatti -- o calejado assessor de outro político que disputa a indicação pelo partido para concorrer à presidência.

Pode parecer uma reedição do clássico “A Grande Ilusão” de 1949 e refilmado em 2006 com Sean Penn, que aborda um assunto semelhante, mas este “Tudo pelo Poder” discute questões bem mais contemporâneas. Por exemplo, as alianças espúrias firmadas com o objetivo de chegar ao poder, como o título brasileiro já explicita. No entanto o título original “Os idos de março” sugere melhor o cerne da trama. Essa expressão tem origem na Roma antiga e significa o dia 15 de março, em que Julio Cesar foi assassinado pelos senadores, pondo fim a uma ditadura corrupta e de base populista na república romana. Em suma, o filme propõe uma identificação entre o personagem de Clooney e o astuto demagogo que foi Julio Cesar. Na verdade, a premissa do roteiro é que os corruptos acabam caindo, mais cedo ou mais tarde, de um modo ou de outro.

TUDO PELO PODER
The Ides of March
EUA, 2011, 102 min, 12 anos
estreia 23 12 2011
gênero drama / política
Distribuição: California
Direção: George Clooney
Com George Clooney, Ryan Gosling,
Marisa Tomei, Evan Rachel Wood
COTAÇÃO
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ÓTIMO

“Cavalo de Guerra” épico de Steven Spielberg é o primeiro grande filme do ano

Quatro anos depois da aventura “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, Steven Spielberg dirige “Cavalo de Guerra”, um épico à moda antiga. Essa modalidade pode incluir o drama, a aventura e até a fantasia, como a série “Guerra nas Estrelas” de George Lucas. Mas se diferencia pelo fato de seus heróis viverem situações e conflitos que não são apenas deles, mas se referem também a entidades coletivas, como famílias, povos e nações. O enredo se passa na 1ª Guerra Mundial, a mais sangrenta de todas as que abalaram o século XX. Mas, assim como fez em “O Império do Sol” (1987) e “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) Spielberg coloca no centro da trama personagens jovens para personificar a pureza dos ideais, a sinceridade dos sentimentos e a ousadia das iniciativas.

Neste caso tudo se amplifica porque a motivação principal do jovem protagonista é o afeto que nutre por um animal, ou seja, o cavalo mestiço que ele treinou e cujo trabalho no arado ajudou a arrancar seus pais da ruína e da miséria. Afastado de seu dono e amigo, o animal super-dotado é requisitado pela cavalaria inglesa e conduzido para a França, onde é reduzido de montaria a besta de carga pelos alemães e experimenta a carnificina das trincheiras. Ali acontecem as sequencias mais impressionantes e dramáticas do filme constituindo o seu ponto alto em termos de emoção, quando, em meio aos horrores da guerra desponta uma centelha de piedade.

CAVALO DE GUERRA
War Horse
EUA, 2011, 145 min, 12 anos
estreia 06 01 2012
gênero história / épico
Distribuição: Disney
Direção: Steven Spielberg
Com Jeremy Irvine, David Thewlis, Emily Watson, Peter Mullan
COTAÇÃO
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ÓTIMO

"As Aventuras de Agamenon o repórter" é uma cópia de Borat sem graça e caipira


Jô Soares, Ruy Castro, Nelson Motta, Paulo Coelho, Caetano Veloso, Fernanda Montenegro, Pedro Bial e até Fernando Henrique Cardoso se prestam a participar de uma frustrada experiência de humor televisivo transplantado para o cinema. Eles fingem que estão dando entrevistas e depoimentos sobre o repórter Agamenon Mendes Pedreira, personagem do grupo Casseta & Planeta, no filme "As Aventuras de Agamenon o repórter" . A idéia era elaborar um falso documentário, mais ou menos na linha de “Borat - o Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América” (2006), do cômico Sacha Baron Cohen. Mas fracassou por dois motivos intransponíveis: para fazer rir, a primeira regra do falso documentário é parecer verdadeiro. E o segundo motivo é justamente o fato de não provocar o riso. Depois de algumas razoáveis piadinhas iniciais, o filme desaba no tédio da repetição, provavelmente porque os seus criadores se acham automatizados na comicidade da TV. Esta é planejada para durar apenas quatro blocos intervalados por comerciais, num total de 45 minutos de arte. Já um filme de cinema precisa segurar o bom humor da platéia por no mínimo 80 ou 90 minutos sem interrupção. É difícil entender como aquelas celebridades citadas no início resolveram entrar nessa canoa esburacada, que navega na contramão da história. Explico: nos anos 1960, as comédias musicais da Atlântida, chamadas de chanchadas saíram de cena porque a televisão passou a dar de graça o que elas ofereciam no cinema, cobrando ingresso.
AS AVENTURAS DE AGAMENON, O REPÓRTER
Brasil, 2012, 74 min, 14 anos
estreia06 01 2012
Distribuição: Downtown
Direção: Victor Lopes
Elenco: Marcelo Adnet, Hubert, Luana Piovani, Marcelo Madureira
COTAÇÃO
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RUIM

A astronave USS Enterprise de "Jornada nas Estrelas" volta ao ar na RedeTV


Tem gente que guarda até hoje aquele uniforme de tripulante da astronave USS Enterprise feito de lycra, ou as orelhas de borracha do Dr. Spock que ganhou de presente no Natal. Outros, mais radicais, ainda hoje trocam e-mails em idioma Klingon com outros fanáticos pela série Star Trek, conhecida no Brasil como Jornada nas Estrelas. São remanescentes da década de 1960, quando foi lançado o seriado de TV criado por Gene Roddenberry, que teve seis temporadas e gerou 11 filmes de longa metragem, além de incontáveis livros, jogos eletrônicos e dois museus. Agora todos os sábados depois da meia noite, na Rede TV, essas pessoas poderão rever em imagem digital a versão remasterizada dos episódios originais das aventuras do Capitão Kirk e seus comandados. Filhos e esposas desses cavalheiros poderão reclamar à vontade, porque os fanáticos seguidores continuam ativos e fiéis. Basta verificar a infinidade de itens, como bonecos, réplicas de pistolas, cartazes, revistas e até as tais orelhas pontudas de borracha à venda em sites como Mercado Livro. Ou a frenética movimentação do site oficial startrek.com. Dirigido por JJ Abrams em 2009, o 11º e último filme de longa metragem é o melhor de todos: o máximo de sofisticação na dramaturgia e efeitos visuais de computação gráfica que nem o papai Roddenberry seria capaz de imaginar. Mas nada se compara à inventividade dos episódios antigos, em que a escassez de recursos técnicos era compensada pelo humor e pela simpatia.

A Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) escolhe os melhores de 2011


No ano passado, pela primeira vez na história da imprensa brasileira, os críticos cinematográficos se uniram numa agremiação de caráter nacional: a ABRACCINE, Associação Brasileira de Críticos de Cinema, que reúne cerca de 80 jornalistas de todos os estados. No final do ano, eles fizeram um balanço do que foi lançado no período e elegeram o melhor longa estrangeiro, o melhor brasileiro e o melhor curta-metragem nacional. Depois de muita discussão pela internet, eles, isto é nós chegamos a três finalistas em cada categoria. Para longa metragem Estrangeiro concorriam “A Árvore da Vida” (EUA, de Terrence Malick); “Melancolia” (Dinamarca, de Lars Von Trier) e “Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas” (Tailândia, de Apichatpong Weerasetakhul). Para longa metragem brasileiro disputavam “Transeunte” (de Eryk Rocha), “Trabalhar Cansa” (de Marco Dutra e Juliana Rojas) e “O Palhaço” (de Selton Mello). Já para curta metragem nacional estavam entre os finalistas “Praça Walt Disney” (de Renata Pinheiro e Sergio Oliveira) e “Céu, Inferno e Outras Partes do Corpo” (de Rodrigo John). A votação foi realizada em dois turnos. Primeiro, cada crítico votou nos filmes de sua preferência, resultando na escolha de três finalistas em longa metragem e dois em curta-metragem. De um segundo escrutínio resultaram os filmes que receberão o Prêmio ABRACCINE de 2011. Este não será em dinheiro, mas terá a simbologia histórica de ser o primeiro de uma série que só deverá crescer em termos de prestígio e representatividade. Os vencedores são: Nacional – “Transeunte”; Estrangeiro - “A Árvore da Vida” e curta metragem “Praça Walt Disney”. Os meus votos no 1º turno foram para “O Palhaço”, de Selton Mello e “Melancolia”, de Lars Von Triers.