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domingo, 30 de outubro de 2016

"Vincere" narra a ascensão da extrema-direita fascista ao poder na Itália do entreguerras


O fascista Benito Mussolini (Filipo Timi) e sua esposa Ilda Dalser (Giovanna Mezzogiorno) 

Uma dos mais aguardados destaques da 40ª Mostra Internacional de SP é a estreia de “Belos Sonhos”, de Marco Bellochio. Diretor este que é quase um monumento vivo do cinema europeu dos anos de 1960: ele dialogava com todos os movimentos sociais e artísticos que transformaram por completo aquela década. Agora com 77 anos, Bellochio é aquele mesmo companheiro de Pier Paolo Pasolini que, naquela ocasião, inspirava e alimentava a onda da contra-cultura com “De Punhos Cerrados”, filme citado pela nouvelle vague e pelo cinema marginal brasileiro.
Depois de passar por problemas de saúde, retomou a carreira, ganhando um urso de prata em Berlim (1991) com “A Condenação”. Antes de assistir a obra mais recente “Belos Sonhos”, é interessante relembrar o filme “Vincere” (filme ao qual o trailer acima é referente), que há 7 anos foi bem recebido nas telas de São Paulo, depois de ter concorrido à Palma de Ouro em Cannes. Esse filme mostra a ascensão do ditador fascista Benito Mussolini, narrada do ponto de vista de sua primeira mulher e financiadora Ida Dalser, encarnada por Giovana Mezzogiorno.

Pelo filme vemos que o ditador iniciou a carreira como líder socialista e, depois, traiu os seus ideais em nome do poder. No enredo escrito pelo próprio Bellochio, a protagonista de “Vincere” é ela, a personagem de Giovana Mezzogiorno, que luta para ter o filho que teve com ele reconhecido pelo Duce. Mas que, exatamente por isso, passou 11anos de sua vida internada em manicômios.

Quando Ida conheceu o jornalista Mussolini, ele ainda era o editor do periódico “Avanti!” e ardente socialista, que sonhava em liderar as massas na direção de uma ideologia popular anticlerical e republicana. Acreditando nos ideais de Mussolini, Ida vendeu todos os seus pertences para financiar um novo jornal fundado por seu amante, o “II Popolo d´Italia”, e assim apoiá-lo em sua trajetória política.



O futuro ditador de extrema-direita Benito Mussolini é central na trama de "Vincere"

A chave do roteiro é justamente essa: Ida Dalser não era louca, mas o país inteiro perdera a razão, na trilha de seu líder megalomaníaco e desequilibrado. Este é interpretado por Filipo Timi e também em pessoa, nos trechos de documentários que se misturam de modo bastante harmônico com a ficção.

Na verdade, “Vincere” é uma experiência que concilia na mesma narrativa uma vertente intimista com outra épica, com grandes massas em movimento, muito claro-escuro, e uma trilha sonora substantiva e quase operística. Propositalmente, para contrastar com a figura monolítica Mussolini, a personagem não tem conflitos internos e segue até o fim fiel a seus princípios.

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