A narrativa de Rezende segue uma linha clássica, mas surpreende ao destacar o comportamento ético dos presos, ainda que seja uma ética da violência. Alguns deles até praticam meditação e mantém bibliotecas nas celas. Já os policiais, quando não são corruptos, mostram-se incompetentes. Ao contrário do que, na vida real, foi declarado à imprensa por eles, o filme revela que os conflitos só cessaram após uma negociação entre as partes. Se obras anteriores sobre o tema repisavam na identificação entre a pobreza e a criminalidade, este acrescenta que as demais camadas da sociedade também são responsáveis por ela. E usa o alento de Andréa Beltrão para garantir uma identificação plena do espectador à protagonista e, por extensão, ao filho dela e a tudo o que ele representa por trás das grades. Por isso, o roteiro tem o cuidado de fazer com que o envolvimento dela com o "partido" tenha sido com uma liderança que fora eliminada semanas antes dos acontecimentos de maio. Trata-se de uma produção empenhada em todos os aspectos, até na música de José Briamonte, que trabalha a partir de uma dança eslava de Dvorak. Provavelmente para sublinhar a imposibilidade de uma definição cultural e socialmente clara perante o crime, que afinal conta com a participação de gente de todas as classes sociais.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
"Salve Geral" o filme que conta como foi o "11 de setembro" que parou São Paulo
Em “Salve Geral”, o carioca Sergio Rezende reconstitui dramaticamente os acontecimentos que paralisaram São Paulo, no dia das mães de 2006. A história é toda narrada a partir do ponto de vista de uma mãe que tem o filho na cadeia e procura ajudá-lo. Para afastar essa personagem de um tipo estatisticamente comum, ela é uma professora de piano interpretada por Andréa Beltrão. O filme se inicia com ela vendendo o instrumento, indicando uma queda na escala social. Para ajudar o filho preso, quase sem querer, ela acaba se envolvendo com uma advogada ligada ao crime organizado. Este drama pessoal corre paralelo com o dos presidiários e autoridades judiciárias ao radicalizarem as suas contradições.
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