O que faz de “9 – A salvação” um filme tão fascinante não é apenas o profissionalismo e a complexidade tecnológica das seqüências de ação – correrias, perseguições e combates construídos com a verossimilhança necessária para despertar plena credibilidade no espectador. O que impressiona é a singularidade das representações e dos seres inventados para desempenhar os papéis de protagonistas e antagonistas nessa batalha puramente conceitual, nessa guerra de signos travada num plano não histórico, ou seja, num imponderável ponto qualquer de um tempo imaginário, após a extinção do último ser humano da planeta.
Na superfície desse mundo que já foi industrial não resta inteiro um só objeto, tal como foi concebido por seu fabricante. Nenhum artefato completo: apenas cacos, trapos, retalhos, fragmentos, parafusos, peças soltas. Desse material são feitos os nove bonecos que ali se movimentam, sempre fugindo de uma máquina militar que procura destruí-los. São todos dotados de consciência e livre arbítrio, diferenciando-se entre si com arremedos de personalidade: um mais autoritário e conservador, outro mais ousado, um grosseiro e outro feminino e assim por diante.
Para quem se pergunta “por que nove e não sete, como os samurais? Ou doze como os apóstolos”: 9 são as casas que formam o chamado “quadrado mágico”, que os pensadores chineses conceberam antes mesmo da escrita. Um dos bonecos coloca um disco de vinil num gramofone enferrujado e dele emana a canção “Over the rainbow”. Temos então uma data, 1939, e uma referência − “O Mágico de Oz”, que conduz à tragédia das criaturas em confronto com a criação. No meio da narrativa, esses encantadores pinóquios de guerra se percebem como “emanações da alma” do cientista que os inventara – o mesmo, aliás, que criara a máquina sem alma que os persegue.
O fascínio do roteiro apenas se inicia nesse ponto ficcional que é a personalidade desse indivíduo − a rigor o único personagem do filme − um sábio que trabalhou para um ditador dos anos 30, parecido com Hitler. Talvez um de seus sucessores, se os nazistas tivesse vencido a Segunda Guerra. O visual de antecipação do filme corresponde ao futuro, tal como seria imaginado naquele tempo. Muito anterior, portanto, aos transistores, aos chips e às demais conquistas da eletrônica e da informática.
Na superfície desse mundo que já foi industrial não resta inteiro um só objeto, tal como foi concebido por seu fabricante. Nenhum artefato completo: apenas cacos, trapos, retalhos, fragmentos, parafusos, peças soltas. Desse material são feitos os nove bonecos que ali se movimentam, sempre fugindo de uma máquina militar que procura destruí-los. São todos dotados de consciência e livre arbítrio, diferenciando-se entre si com arremedos de personalidade: um mais autoritário e conservador, outro mais ousado, um grosseiro e outro feminino e assim por diante.
Para quem se pergunta “por que nove e não sete, como os samurais? Ou doze como os apóstolos”: 9 são as casas que formam o chamado “quadrado mágico”, que os pensadores chineses conceberam antes mesmo da escrita. Um dos bonecos coloca um disco de vinil num gramofone enferrujado e dele emana a canção “Over the rainbow”. Temos então uma data, 1939, e uma referência − “O Mágico de Oz”, que conduz à tragédia das criaturas em confronto com a criação. No meio da narrativa, esses encantadores pinóquios de guerra se percebem como “emanações da alma” do cientista que os inventara – o mesmo, aliás, que criara a máquina sem alma que os persegue.
O fascínio do roteiro apenas se inicia nesse ponto ficcional que é a personalidade desse indivíduo − a rigor o único personagem do filme − um sábio que trabalhou para um ditador dos anos 30, parecido com Hitler. Talvez um de seus sucessores, se os nazistas tivesse vencido a Segunda Guerra. O visual de antecipação do filme corresponde ao futuro, tal como seria imaginado naquele tempo. Muito anterior, portanto, aos transistores, aos chips e às demais conquistas da eletrônica e da informática.
O quebra-cabeça proposto por “9 – A Salvação” torna-se tão mais empolgante quanto cada dado novo é acrescentado à trama. Até remeter à metaforicamente ao vazio metafísico de seres que, apesar de criarem outras formas de vida, sentem-se tristemente desamparados por quem os teria criado. Ao longo do filme, julgamos acompanhar a luta de um herói liderando um grupo nove guerreiros contra um monstro maligno. Até perceber que tudo não passava de um monólogo fictício recitado para ninguém.
9
9 - A Salvação
estreia em 09/10/2009
EUA - 2009 – 79 min
gênero animação / ficção científica / fantasia
distribuição Play Arte
Direção Shane Acker
9 - A Salvação
estreia em 09/10/2009
EUA - 2009 – 79 min
gênero animação / ficção científica / fantasia
distribuição Play Arte
Direção Shane Acker
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