O mais curioso é o registro, digamos, “realista” da encenação. A personagem é construída sem o grotesco, ou a glamurização que costumam circundam os filmes com esse tema, como por exemplo, os blockbusters da série “Crepúsculo”. A jovem morta viva é sem graça, mal vestida, antipática e mal cheirosa. Mora num apartamento imundo e sem móveis que, em lugar de cortinas, tem o vidro da janela coberto por jornais. Por outro lado, tem a mesma força física e os pontos fracos do Conde Drácula, além de uma mala cheia de dinheiro. Não se pode dizer que “Deixa ela entrar” seja agradável, ou edificante. Mas é inegável o pulso firme de seu diretor, que nos oferece uma sensação de permanente estranhamento, mesmo caminhando por um terreno em que os sustos e calafrios sejam geralmente previsíveis.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
"Deixa ela entrar" é um filme de vampiros inovador e também fiel ao gênero
A história do cinema está repleta de vampiros. Mas, o sueco Tomas Alfredson de “Deixa ela entrar” consegue surpreender com esta história, que é ao mesmo tempo inovadora e fiel à toda a tradição iniciada pelos romances góticos do século XIX. O protagonista é menino de doze anos, tímido e introvertido, cheio de dificuldade de se relacionar com os colegas de escola. Sua solidão se interrompe quando uma menina da sua idade se muda para o prédio. A princípio ele não nota a palidez da garota e nem estranha o seu cheiro azedo, ou o fato de nunca sentir frio e só sair de casa à noite. Aos poucos percebe que ela é uma vampira com mais de 400 anos de idade e, mesmo assim, aceita a nova amizade.
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Um comentário:
Prezado Luciano,
Concordo em absoluto com sua resenha, já que fui ver este filme hoje, pela segunda vez.
É impressionante com o diretor sueco se serve de uma história de vampiros para discutir poeticamente sobre a solidão, amizade, coragem, amor. Não é, na minha opinião, um espetáculo propriamente sobre vampiros, mas uma fábula.
Com certeza, tudo o que foge à mediocridade yankee.
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