Neste engraçado e comovente “Algo que você precisa saber”, ela mostra que tem consciência absoluta do artificialismo com que trabalha as trajetórias de cada personagem, fazendo-as convergirem todas para um final de fábula. Como as linhas melódicas de diversos instrumentos que o compositor clássico reúne no acorde final do concerto. No caso, os instrumentos são atrizes bem afinadas, como Charlotte Rampling e Mathilde Seigner (acima), e as melodias são as frustrações e incertezas de uma família que, para sobreviver, preferiu trocar a franqueza dos sentimentos, por um simulacro de estabilidade – até que todas as pulsões e segredos reprimidos explodissem ao mesmo tempo, num lance... melodramático.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O melodrama ainda vive e prospera em filmes como “Algo que você precisa saber”
O melodrama é um modo de narrativa que o cinema tomou emprestado da literatura e do teatro, e que nas novelas de TV encontrou terreno até mais fértil para se desenvolver. Para boa parte da crítica de cinema, essa linha foi considerada indício de baixa qualidade, provavelmente por buscar o exagero nos efeitos emocionais das reviravoltas e situações dramáticas. Manifesta-se quando, por exemplo, um personagem descobre que seu grande inimigo é na verdade seu irmão e a única pessoa que pode salvá-lo da desgraça. A rigor, no entanto, o melodrama é um procedimento de ênfase para o desenvolvimento da uma trama, ou seja, um recurso como qualquer outro. E é assim que ele é tratado pela diretora e roteirista Cécile Telerman, uma belga que fez carreira no cinema francês, como advogada e administradora. Mas, que num lance melodramático, passou a dirigir filmes com extrema competência.
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Um comentário:
Luciano.
Vi o filme, antes de ler seu comentário. Achei graça em muitas situações e encontrei nele um humor negro. Com o desenrolar da estória achei que foi ficando melado e certo demais. Ao ler seu comentário vi que esse é o artifício do melodrama. Passei a gostar do que já havia visto e não compreendido direito. Realmente em um livro, isso seria mais diluido e fácil de aceitar. Nas cenas finais, de fato, dei gostosas risadas com o Happy End.
Parabéns.
Regina Horemans
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