Segundo o Compact Oxford English Dictionary docudrama é "um filme dramatizado baseado em eventos reais e incorporando aspectos de documentário". Já a Wikipédia prefere o termo docuficção para este gênero que se situa entre a ficção e o documentário. Porque, afinal, poderíamos pensar num filme histórico cômico, como foi "Carlota Joaquina" (1994), de Carla Camurati. Na foto acima, Marieta Severo, no papel da princesa do Brasil (abaixo).
É frequente o uso da docuficção em emissões de televisão destinadas a ilustrar um fato real com atores. A mais recente foi "Maisa", de Jaime Monjardim, ainda que a mais popular tenha sido "Dois Filhos de Francisco" (2005), de Breno Silveira. É nesse sentido que o termo docudrama é mais usado. É por vezes usado também para designar um documentário encenado, com objetivos didáticos, ou uma narrativa de ilustração histórica. Em ordem crescente de qualidade, são estes os docudramas da semana:
O Guerreiro Ghengis Khan
Os Inimigos Públicos
O Grupo Baader-Meinhof
Falando em docudrama, ainda é tempo de assistir "Jean-Charles" dos cinemas. Se baseia na história do mineiro que foi assassinado por policiais no metrô de Londres, após ter sido confundido, com um terrorista procurado pelas autoridades. Faz exatamente 4 anos que o fato aconteceu. O filme já foi visto por mais de 250 mil pessoas e deixa claro que o incidente não foi resultado de uma confusão de identidades, mas apenas de uma pista falsa que a polícia vinha seguindo, em meio à paranóia coletiva provocada pelos atentados que aconteciam seguidamente na cidade. O endereço do prédio em que Jean-Charles vivia (e onde também funcionava uma academia de ginástica) foi encontrado no bolso de um terrorista de verdade que fora preso alguns dias antes.
Para atribuir dramaticiade a essa narrativa, o diretor Henrique Goldman, se concentrou na luta do brasileiro para se estabelecer profissionalmente como eletricista naquela cidade. No dia em que foi executado, ele iria dar início a um novo serviço, capaz de lhe trazer o alívio financeiro de que necessitava. Na noite anterior, tinha se reconciliado com sua própria auto-estima ferida num malogro profissional, participando de um show com Sidney Magal, que valeu como um ritual festivo de encontro com suas raízes culturais. Nas semanas que antecederam o seu fim, tinha introduzido uma prima no cotidiano londrino, ajudando-a a superar a insegurança. Vivida com delicadeza por Vanessa Giácomo, que vimos em "Canta Maria" (2006), essa personagem funciona como "escada", ou seja uma coadjuvante com quem ele pode dialogar e mostrar seus pensamentos. E principalmente exibir os seus sentimentos nobres e altruistas, ainda que não fosse propriamente"um santo", como a habilidade de Selton Melo cuidou de deixar claro. Mas quem rouba a cena é Luis Miranda, no papel do primo com quem o protagonista morava. Na maior parte do filme, ele exibe uma impressionante capacidade de humor. Mas no final, a sua indignação comove de modo irressitível. Stephen Frears, que é produtor do filme chama-o de "black genious". Em seu segundo longa, o diretor brasileiro radicado na Inglaterra Henrique Goldman foi bastante hábil em integar a atuação de profissionais tarimbados com "não-atores", que de resto colaboraram muito para a impressão de realidade que o filme desperta.
É frequente o uso da docuficção em emissões de televisão destinadas a ilustrar um fato real com atores. A mais recente foi "Maisa", de Jaime Monjardim, ainda que a mais popular tenha sido "Dois Filhos de Francisco" (2005), de Breno Silveira. É nesse sentido que o termo docudrama é mais usado. É por vezes usado também para designar um documentário encenado, com objetivos didáticos, ou uma narrativa de ilustração histórica. Em ordem crescente de qualidade, são estes os docudramas da semana:
O Guerreiro Ghengis Khan
Os Inimigos Públicos
O Grupo Baader-Meinhof
Falando em docudrama, ainda é tempo de assistir "Jean-Charles" dos cinemas. Se baseia na história do mineiro que foi assassinado por policiais no metrô de Londres, após ter sido confundido, com um terrorista procurado pelas autoridades. Faz exatamente 4 anos que o fato aconteceu. O filme já foi visto por mais de 250 mil pessoas e deixa claro que o incidente não foi resultado de uma confusão de identidades, mas apenas de uma pista falsa que a polícia vinha seguindo, em meio à paranóia coletiva provocada pelos atentados que aconteciam seguidamente na cidade. O endereço do prédio em que Jean-Charles vivia (e onde também funcionava uma academia de ginástica) foi encontrado no bolso de um terrorista de verdade que fora preso alguns dias antes.
Para atribuir dramaticiade a essa narrativa, o diretor Henrique Goldman, se concentrou na luta do brasileiro para se estabelecer profissionalmente como eletricista naquela cidade. No dia em que foi executado, ele iria dar início a um novo serviço, capaz de lhe trazer o alívio financeiro de que necessitava. Na noite anterior, tinha se reconciliado com sua própria auto-estima ferida num malogro profissional, participando de um show com Sidney Magal, que valeu como um ritual festivo de encontro com suas raízes culturais. Nas semanas que antecederam o seu fim, tinha introduzido uma prima no cotidiano londrino, ajudando-a a superar a insegurança. Vivida com delicadeza por Vanessa Giácomo, que vimos em "Canta Maria" (2006), essa personagem funciona como "escada", ou seja uma coadjuvante com quem ele pode dialogar e mostrar seus pensamentos. E principalmente exibir os seus sentimentos nobres e altruistas, ainda que não fosse propriamente"um santo", como a habilidade de Selton Melo cuidou de deixar claro. Mas quem rouba a cena é Luis Miranda, no papel do primo com quem o protagonista morava. Na maior parte do filme, ele exibe uma impressionante capacidade de humor. Mas no final, a sua indignação comove de modo irressitível. Stephen Frears, que é produtor do filme chama-o de "black genious". Em seu segundo longa, o diretor brasileiro radicado na Inglaterra Henrique Goldman foi bastante hábil em integar a atuação de profissionais tarimbados com "não-atores", que de resto colaboraram muito para a impressão de realidade que o filme desperta.
Jean Charles
estreia 26/06/2009
Brasil, Inglaterra 2009, 90 min
Distribuição Imagem
Direção Henrique Goldman
Com Selton Mello, Vanessa Giácomo,
Daniel de Oliveira, Luis Miranda, Patrícia Armani
estreia 26/06/2009
Brasil, Inglaterra 2009, 90 min
Distribuição Imagem
Direção Henrique Goldman
Com Selton Mello, Vanessa Giácomo,
Daniel de Oliveira, Luis Miranda, Patrícia Armani
3 comentários:
Muito interessante seu blog, já foi para o meu favoritos...
Fiquei pensando que há nomes em excesso para tentar classificar as coisas,não é mesmo? Para que tantos? Será que é realmente necessário?
Oi Andrea,
Creio que realidades novas mereçam ganhar novos nomes. O nome docudrama me parece melhor que "docufição", também usado. Quem inventou foi um cara muito legal, o inglês Peter Watkins da BBC, que aliás é considerado um pioneiro desse gênero que tem uma origem ligada à educação.
Caro mestre,
Sua abordagem sobre o docudrama elucidou vários aspectos obscuros para mim. E concordo, o termo docudrama é mais adequado que "docuficção".
Um grande abraço,
Jacy Lage
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