Os elementos empregados na feitura da obra mostram precisão e variedade. Por meio de uma narração em off, o próprio realizador explicita a sua ligação de amizade com o compositor que é tema do filme e utiliza fotos inéditas de Thomaz Farkas para sugerir o visual de São Paulo, no tempo em que Vanzolini começou a escrever canções. Mais adiante, recorre a registros brutos de ensaios e os combina com cenas da mesma música apresentada no palco de um show. Além disso, usa material de arquivo escolhido a dedo como, por exemplo, um impagável depoimento de Adoniran Barbosa e flagrantes de Vanzolini na selva, exercendo o seu ofício de zoólogo.
“A música dele é parecida com a minha, só que mais fina. Afinal ele é um cientista, um zoológico...” (Adoniran Barbosa)
Boa parte das 27 canções incluídas no filme é comentada pelo próprio autor, numa entrevista, e por meio de imagens que Ricardo Dias (na foto abixo com Vanzolini) foi captando e editando em função da “dramaturgia” implícita em cada uma. Assim, a interpretação de “Na Boca da Noite” é ilustrada por fotos de caminhoneiros e moças de estrada, enquanto “Volta Por Cima” é entoada coletivamente por cidadãos anônimos recrutados nas ruas. Em depoimento, o próprio diretor considera essa obra como pertencente a uma linha que ele chama de “o novo gênero de documentário musical”. Assim como "Buena Vista Social Club", de Wim Wenders, que fundou esse "gênero", este filme é indispensável.
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