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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Uma nova Academia em Hollywood? Haverá um novo enfoque para o Oscar?

Na Rádio Bandeirantes, comentando a premiação do Oscar enquanto ela acontecia, na madrugada de 22/02, as pessoas se surpreenderam com a quantidade de acertos da pesquisa que levei para o estúdio. Praticamente, o único premiado que não coincidiu com o favorito foi Sean Penn (Milk), melhor ator em vez de Mickey Rourke (O Lutador). Provavelmente, nesse ponto, a pesquisa de opinião não acreditou na mudança de foco que a Academia viria promovendo nos últimos anos. A escolha de Rourke estaria mais de acordo com a preferência tradicional dos votantes, que é a de recompensar os indivíduos que dão a volta por cima e se superam, apesar das dificuldades. Falo do ator envergando a aura de seu personagem. Mas, entre os dois competidores, o colégio eleitoral preferiu destacar o profissional mais competente e, que além disso, representava uma corrente grupal da sociedade. De resto, a previsibilidade dos resultados foi tão assustadora quanto surpreendente, a ponto de motivar a piada: “no ano que vem não precisaremos ficar acordados até essa hora porque, com essa pesquisa do Luciano, vamos poder deixar os comentários gravados”.
Apesar da ausência de espetáculos inteligentes, como Che (Soderbergh), Foi Apenas Um sonho (Mendes) e Queime Depois de Ler (Coen), venceram os filmes que tinham o que dizer e não se limitavam a divertir. Até Batman, O Cavaleiro das Trevas pagou caro por sua origem no universo dos comics e foi para o limbo, em companhia de O Homem de Ferro, Hell Boy e O Procurado. A confirmar essa tendência, logo veremos as estatuetas se afastaram completamente dos títulos que alcançarem melhores resultados de bilheteria. Neste ano, pela primeira vez, boa parte dos títulos indicados sofreu diminuição na renda das bilheterias. Vamos observar o que acontecerá agora, depois da premiação.
Outra novidade é o filme feito sob medida para o Oscar, contrastando com os já existentes filmes planejados para ganhar festivais. Refiro-me a Quem Quer ser Um Milionário, de Danny Boyle, que levou oito troféus, justamente os mais importantes: filme, direção, montagem, fotografia, roteiro adaptado, trilha sonora, canção e som. O espetáculo é vibrante e funcionam como uma exortação à esperança e a fé na providência divina, mais ou menos como era Caiu do Céu (2004), filme anterior do inglês Danny Boyle. Mas parece se originar de uma receita: produção realizada num país emergente, com talentos e técnicos locais; personagens muito humildes, a cargo de atores desconhecidos. Além de tudo, o protagonista é um pobre garoto órfão muçulmano (foto acima) prestes a ganhar milhões num programa de perguntas e respostas que já tinha derrubado os intelectuais mais cultos do país. A polícia e a produção da TV desconfiam de fraude e prendem o rapaz. Após torturas que incluem choques elétricos, ele conta a sua vida para o inspetor e, assim, o roteiro consiste num longo flashback em que o favelado se revela um protegido do destino, ou das forças celestiais. Ao mesmo tempo, como ele se tornara uma celebridade nacional, reaparecem figuras de seu passado que ele não via há anos. A narrativa se conclui com a última etapa do concurso, coincidindo com o enfrentamento daqueles conflitos que ele carregava desde a infância. Assim como aconteceu com Cidade de Deus − ao qual muita gente atribui a grande inspiração de Boyle – Quem Quer ser Um Milionário também vem sendo acusado de estilizar a miséria.

Quem Quer ser Um Milionário
Slumdog Millionaire
(2009 - Inglaterra)
Direção Danny Boyle
Com Dev Patel, Anil Kapoor,
Freida Pinto, Irrfan Khan

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