A partir dessa fala inicial, dita com precisão cirúrgica por um padre interpretado por Philip Seymour Hoffman, o público é fisgado pela força do texto e acompanha a trajetória da protagonista: a freira vilã vivida magistralmente por Meryl Streep. Mesmo sem prova alguma, ela tem certeza de que o padre molestara um dos coroinhas e nem pensa em dar-lhe o benefício da dúvida. Assim como os demais personagens, a professora Amy Adams (na foto acima) assiste de camarote esse embate entre a razão e a força de vontade. Pano de fundo: começo dos anos 60, quando as mazelas sociais como racismo e intolerância começavam a ruir.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
"Dúvida" é baseado em peça premiada com o Pulitzer e o Tony, dirigido pelo próprio autor
John Patrick Shanley (Nova York, 1950) é uma figura excepcional no meio cinematográfico. Quase ninguém se lembrava de que, em 1987, ele ganhara o Oscar como roteirista de Feitiço da Lua. Agora quase duas décadas e meia dúzia de filmes depois, ele reaparece com Dúvida, uma peça teatral que, entre vários outros prêmios, ganha o Pulitzer e o Tony ao mesmo tempo. Em seguida, adapta o texto teatral para roteiro de cinema e dirige o filme ele mesmo. A surpresa não é apenas a excelência do resultado em termos de cinema, mas a maneira inusitada como ele conduziu a direção. Começa rompendo um dos preceitos básicos da dramaturgia que é revelar a carpintaria do drama: logo na primeira frase, um dos personagens verbaliza o tema central, que é justamente a dúvida. Ou seja, aquele estado de espírito experimentado por qualquer ser humano e que é inerente a todo o conflito interno, quase um pré-requisito para qualquer ação, principalmente a dramática.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Parabéns pelo texto Luciano.
Também escrevi um texto sobre esse filme no meu blog, se puderem pessoal acessem, o link é: http://leituradecinema.blogspot.com/. Se possível, sigam. Obrigado. Abraços à todos.
Postar um comentário