A narrativa segue a linearidade costumeira nestes filmes em que a dramaturgia serve apenas para disfarçar as intenções didáticas. Como Gus van Sant não é ingênuo, porém, tratou de evitar um tratamento angelical para esse idealista que, em 1977, venceu uma eleição para o conselho municipal, a primeira conquistada por um homossexual nos EUA. E deixou bem claro que ele apenas começara aquela cruzada porque precisava criar condições sociais para que a sua loja de serviços fotográficos pudesse funcionar em paz e pagasse o aluguel. A partir daí, o roteiro vai descrevendo as peripécias partidárias do protagonista, aliás, trabalhado com requinte naturalista por Sean Penn. Até porque se trata aqui de interpretar uma pessoa real (foto acima), e não um personagem literário. É interessante notar a semelhança entre a estrutura narrativa deste filme com Fale Comigo, que acaba de ser lançado em DVD. Da mesma maneira, ainda que contando com menos recursos de produção, também descreve a luta de um ativista pelos direitos civis de outra minoria − como veremos a seguir, nem tão minoria assim nos EUA.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
“Milk – A Voz da Igualdade” tem as qualidades e os defeitos usuais das biografias
O filme anterior de Gus van Sant era Paranoid Park (2007), que vinha recheado de não-personagens, isto é, de figuras desprovidas de sentido dramático e levadas como folhas secas pelo vento dos acontecimentos aleatórios propostos pelo encenador. Agora, em Milk – A Voz da Igualdade, aquele vazio é trocado por um herói firmemente fincado em seus objetivos de caráter político. Uma figura extraída da realidade histórica e que, de fato, entregou a vida (literalmente) à luta pelo reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais, em São Francisco. O foco é o intenso ativismo de Harvey Milk, que se iniciou em 1972 quando ele já tinha 40 anos, até 1978, ano em que enfrentou políticos decididos a promulgar uma lei para impedir os acusados de homossexualismo de trabalharem como professores em escolas públicas.
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