Caso raro nesse ambiente, ele que na juventude já lutara boxe como amador, tornou-se profissional em 1991, depois de ter chegado a protagonizar filmes de grande sucesso, como Nove Semanas e ½ de Amor (1986) de Adrian Lyne. Quando se aposentou em definitivo do ringue, em 1994, seu rosto se achava irreconhecível, devido a uma série de fraturas e cirurgias. A carreira no cinema derrapou com vários papéis sem importância em produções baratas, até chegar esta oportunidade que ele soube honrar, trabalhando com todo o empenho para dar credibilidade e interesse humano ao personagem. Há, de fato, algumas passagens comoventes, como aquela em que ele tenta se reconcilar com a filha de quem se afastara. À primeira vista, o roteiro parece repetir a típica rotina da série Rocky, em que ele se prepara para uma luta quase impossível contra um antigo oponente, o que lhe faria famoso outra vez.
Na verdade, esta não é uma “história de superação”, mas de reencontro de um homem consigo mesmo. Nessa busca pela identidade perdida, o lutador tem a companhia de uma dançarina de strip-tease que pretende voltar a ser mãe de família, interpretada com sensibilidade e amargura por Marisa Tomei. Ambos concorrem ao Oscar e, aliás, as apostas em torno da candidatura de Rourke cresceram 50% na última semana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário