O que surpreende é a linha do roteiro, quase que determinada diretamente pelo tempo real dos acontecimentos que envolvem uma cerimônia de casamento. Ao contrário do que fez Robert Altman em 1978, no filme com esse nome, ele não mostra a encenação por meio de múltiplos pontos de vista. Coloca a sua câmara no meio dos convidados e, discretamente, vai captando as coisas importantes que acontecem no meio de banalidades, como uma competição de lavagem de louça, evidentemente improvisada.
O diretor se comporta mais ou menos como um dos convidados que deixa a sua câmara caseira permanentemente ligada. Com algo dos cineastas ligados ao Dogma, portanto, Jonathan Demme nos coloca lá dentro da festa, para ir tomando contato com os personagens à medida que vão se colocando: a protagonista não é a Rachel que se casa, mas a irmã dela, vivida por Anne Hathaway, no papel mais sério da sua carreira que não para de crescer. Presa numa clínica de reabilitação de viciados há mais de dez anos, ela só sai para participar do casamento. Deixemos que o motivo dessa prisão, e o modo como cada figura se relaciona com ele, seja descoberto pelo espectador. Esse é o verdadeiro encanto dessa experiência que dá ao diretor veterano a leveza de um cineasta iniciante
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