Sabemos que a crise econômica começou com o colapso do mercado imobiliário dos EUA. Coincidência ou não, o filme se inicia com uma mulher de meia idade em pleno desespero porque o marido fugira de casa com as economias destinadas a pagar a segunda parcela de uma casa nova. Trabalhando meio período num mercado do Alasca, ela não encontra alternativa senão se associar a uma índia mohawk para transportar imigrantes ilegais chineses e paquistaneses para o país. Eles eram trazidos no porta-malas de seu carro, atravessando um rio congelado que é uma fronteira nacional com o Canadá. Mesmo a 30º abaixo de zero, a travessia sobre o gelo oferece um risco considerável, que inclui uma possível barreira policial. À primeira vista o filme, escrito e dirigido pela cineasta iniciante Courtney Hunt (Memphis, 1964) é apenas o triste relato de um problema social que se manifesta em todo o planeta. Mas o que vemos é uma pungente recriação da vida, por meio do trabalho da competente Melissa Leo que recentemente vimos em 21 Gramas (2003) e concorre ao Oscar de melhor atriz. Pouco conhecida entre nós, Melissa já trabalhou em quase 80 filmes. Juntas, ela e a diretora surpreendem com um dos momentos mais comoventes do cinema contemporâneo, quase uma tentativa de encenar um milagre de natal acontecendo naquele pedaço esquecido do planeta. É uma produção modesta, com orçamento inferior a US$ 1 milhão, provando que a criatividade vale mais que qualquer efeito especial.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário