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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

“Lula- o filho do Brasil”, apesar de docudrama, um filme com lado A e lado B

Em 2008, o ator e produtor Bob Balaban (o crítico de cinema em "A Dama na Água") quase ganhou vários Emmys e Globos de ouro com “Bernard e Doris – o mordomo e a milionária”, sobre Doris Duke, uma célebre herdeira americana falecida em 1993 (foto abaixo). Com Ralph Fiennes e Susan Sarandon (afiadíssimos), este curioso filme produzido para a TV, com qualidade superior à média das peças da mesma linha, acaba de ser lançado em DVD e abre com um letreiro dizendo “Algumas das coisas a seguir se baseiam em fatos. Outras não” (Some of the following is based on fact. Some of it is not). É um modo sintético de advertir e sublinhar que o filme tem algo de histórico, mas é acima de tudo uma peça de ficção. Essa integração se manifesta desde o início, de modo que a narrativa flui bem, conforme sugerem os personagens.
Uma fluência dessa natureza, porém, não acontece em “Lula- o filho do Brasil”, que parece enfeixar dois filmes sob um único título. A primeira parte emociona com a luta pela sobrevivência daquela família de nordestinos conduzida em seu deslocamento para São Paulo por uma mulher. Há momentos marcantes e bem colocados em termos de linguagem de cinema, como por exemplo a sequência em que a personagem de Glória Pires recebe uma carta do ex-marido, lida por um dos filhos interpretando o texto conforme seus interesses. Em seguida, gradativamente a narrativa se concentra sobre Lula e seu esforço para se casar e afirmar-se como trabalhador. A dramaticidade do filme se encerra quando ele alcança esse objetivo, porque a atividade de sindicalista aparece depois disso, como uma espécie de hobby ao qual ele, por acaso, passa a se dedicar. A partir daí, o roteiro se limita a descrever friamente os acontecimentos, como quem desenha o perfil oficial de um político, sem jamais se intrometer no mundo interior do protagonista. Essa seleção, aliás, se mostra aqui bem diversa da que vimos em documentários como "Peões" (Eduardo Coutinho - 2004).
LULA - O FILHO DO BRASIL
Brasil 2009 – 130 min.
estreia 01/01/2010
Gênero drama / história / política
Distribuição Downtown
Direção Daniel Tendler e Fábio Barreto
Com Glória Pires, Rui Ricardo Diaz,
Cleo Pires e Juliana Baroni

3 comentários:

Jéssica Silvestre disse...

Parabéns pelo Blog. Fiquei curiosa para assistir - Lula.

Andrea R. Martins Corrêa disse...

Ainda não vi o filme, estou super curiosa. Acho essa discussão sobre ficção e realidade muito interessante e absolutamente necessária...

Anônimo disse...

Obrigado.
Também acho importante discutir essa questão, que é central para o cinema. Minha pesquisa na Unicamp, aliás, vai indo por esse caminho...