Aliás, o desenho desse jornalista não mistifica a profissão e o coloca sempre pressionado: por cima pela editora Helen Mirren (preocupada com as vendas) e, por baixo, pela redatora novata Rachel McAdams, que adoraria ocupar-lhe o espaço no jornal na publicação. Aos pouco ele começa a entrelaçar pistas que o levam a um esquema corporativo montado por políticos, lobistas e assassinos. Mas quando o jornalista chega perto da verdade, ele precisa decidir entre arriscar o emprego e a vida ou se render às conveniências do sistema. O filme dirigido pelo competente Kevin MacDonald de “O Último Rei da Escócia”, mas o elemento criativo da equipe é o roteirista Tony Gilroy, o craque que escreveu coisas como “O Advogado do Diabo” e o recente “Duplicidade”. Este é o seu trabalho mais recente como roteirista e traz em sua carne as cicatrizes ainda abertas da realidade presente. O filme termina com imagens de uma rotativa imprimindo um jornal, mostrando que a trama toda acabou estampada em suas páginas. “Intrigas de Estado” pode ser visto como uma homenagem ao jornalismo e uma escolha ética e estética de elaborar ficção a partir do que se publica (ou deveria ser publicado) nos jornais.
domingo, 13 de dezembro de 2009
Quem perdeu o indispensável “Intrigas de Estado” no cinema pode saboreá-lo em DVD.
“Intrigas de Estado” passou quase despercebido em seu lançamento, mas agora em DVD, merece ser revisto. Principalmente por causa dessa escalada de corrupção que atinge a política nacional. O filme não se aprofunda na mecânica da ilegalidade governamental, mas tece uma trama muito bem informada e esclarecedora das suas ligações com as diversas esferas da sociedade americana. E, além disso, apresenta um modo pelo qual a imprensa poderia enfrentar um arranjo montado por corruptos de dentro e de fora do estado. O protagonista é um repórter veterano interpretado por Russell Crowe. Ele investiga o assassinato da assistente de um congressista vivido por Ben Afleck e que, por acaso, é seu amigo de juventude. No Brasil de hoje, portanto, esse tipo de reportagem correria o risco de ser censurada por algum juiz amigo do político.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário