Baleado recentemente num assalto, Mario Bortolotto é um autor teatral da mesma estirpe de Plínio Marcos e Nelson Rodrigues, igualmente fascinado pelas possibilidades poéticas da decadência humana. Ele teve uma de suas peças transformada em roteiro de filme, que acaba de ser lançado em DVD. Trata-se de "Nossa vida não cabe num Opala", de Reinaldo Pinheiro. No festival de Recife 2008, ganhou oito prêmios: inclusive o de melhor filme. O próprio Bortolotto foi premiado pela música. Veteranos como Paulo Cesar Peréio, Marília Pera e Jonas Bloch, trabalham ao lado de emergentes como Leonardo Medeiros e Milhem Cortaz. Destaque para Dercy Gonçalves (foto abaixo) em sua derradeira aparição no cinema, e para Maria Luisa Mendonça, melhor atriz daquele festival. Ela faz uma mulher fantasmagórica que interpreta diferentes papéis, de acordo com a personalidade do homem com quem está passando a noite. Outro mérito do filme é do roteirista Di Moretti, por ter conseguido atribuir uma tonalidade cinematográfica a um texto visceralmente teatral, com personagens inventados sob medida para o palco. A riqueza de "Nossa vida não cabe num Opala" está na complexa construção dessas figuras: quatro irmãos vivendo em função da influência do pai recentemente falecido e em conflito com um empresário a quem ele devia uma fortuna. Entre ele e os filhos do devedor que morrera sem pagar a dívida se estabelece um jogo de gato e rato que apresenta momentos de sarcasmo e humor, podendo também beirar a tragédia.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário