Um presente belíssimo de Natal para quem se interessa por história e admira Roberto Rosselini é o DVD "A Tomada do Poder por Luis XIV" que acaba de ser lançado pela Versátil. Foi o primeiro trabalho que o mestre do neo-realismo realizou em 1966 para a RAI. Em sua origem, aquela emissora pública procurava desenvolver um cinema educativo. Aliás, praticamente ao mesmo tempo, fenômeno semelhante acontecia na BBC inglesa, com Peter Watkins lançando "Culloden". Feito em 1964, aquele filme de reconstituição histórica foi considerado marco inicial do gênero "docudrama", que se situa a meio caminho entre a ficção e o documentário. Como vemos, a televisão pública foi o ventre que gerou os dois rebentos quase simultaneamente: um na Inglaterra, outro na Itália. Novamente temos a figura do cineasta–educador e funcionário do estado, como nos documentários britânicos clássicos dos anos 30 e 40. Só que, desta vez, dedicados à ficção e recebendo alguma influência dos documentaristas do “cinema-verdade”. Rosselini procura descrever com um mínimo de dramaticidade o processo pelo qual Luis XIV instaurou o seu estilo de absolutismo. Filmava como faria um repórter, com uma câmara escondida, que estivesse somente registrando o cotidiano da corte de Versalhes na segunda metade do século XVII. A escalação de atores fora do sistema de estrelas e a filmagem em locação são inegáveis heranças do realismo. No entanto, a grande novidade é o ritmo das tomadas, que parecem mais destinadas a observar que narrar os acontecimentos.
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