Encontre o que precisa buscando por aqui. Por exemplo: digite o título do filme que quer pesquisar

segunda-feira, 28 de março de 2011

Além de veículo para Wagner Moura, "Vips" é um belo filme, uma boa surpresa

Por mais que se insista no inusitado da história, o conteúdo de “Vips” impressiona menos do que o modo como é narrada. Não adianta pensar no personagem de Wagner Moura como uma espécie de Pedro Malasartes atual, nem evocar o verso de Fernando Pessoa (“o poeta é um fingidor... finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente”). A astúcia do diretor Toniko Melo, da excepcional série global “Som e Fúria”, reside em ir juntando os tijolos de uma construção dramática, sem nos revelar previamente a maquete do projeto que pretende nos mostrar. Dessa forma, somos apresentados a um moleque feioso e desajeitado, sem um pingo de humor ou qualquer outro traço que possa despertar simpatia ou compaixão. Seu desajuste nem se explica pela convivência com a mãe (Gisele Fróes), ainda que insinue alguma coisa mal resolvida em seus encontros com o pai – um piloto de avião (Norival Rizzo) que aparece sempre fardado. Resumindo essa trajetória, o rapaz foge de casa e, depois de aprender a voar num aeroclube clandestino em Goiás, vai trabalhar para um traficante paraguaio, que acaba adotando como segundo pai. O personagem começa a se tornar interessante quando, mesmo já integrado no mundo do crime, preserva certa inocência e algum senso de moral – pelo menos em relação ao chefe da quadrilha em que milita e cujo ator (o argentino Jorge D’Elia - NA FOTO ABAIXO) foi premiado como co-adjuvante junto com Wagner Moura, no Festival do Rio. Realmente um ator de talento, ele revela tudo isso com sinceridade e economia de recursos, compensada por uma cena em que exibe seus supostos dotes de cantor de rock. O mistério em torno dele e do pai biológico vai aumentando, enquanto o rapaz parece acreditar nas falsas identidades que assume. Em especial na do perigoso marginal Carrera, um bandido perigoso, procurado até pelo FBI. E no empresário Henrique Constantino, em cujo papel chegou a ser entrevistado em rede nacional de TV, durante um carnaval de Recife. A assim vai surpreendendo, à medida que passa de bufão a herói – justamente no momento em que se acha no fundo do poço.

VIPS

Brasil - 2011 – 98 min. - 12 anos

estreia 25 03 2011

Gênero docudrama / biografia / crime

Distribuição Paramount

Direção Toniko Melo

Com Wagner Moura, Gisele Fróes,

Juliano Cazarré, Jorge D'Elia

COTAÇÃO

* * *

B O M

Nenhum comentário: