Fugindo da reportagem televisiva cuja fórmula envolve diversos depoimentos para compor o perfil do personagem, Toback se concentrou numa única entrevista com o lutador. As únicas vozes que ouvimos além dessa são as dos locutores que irradiavam as lutas, ou ancoravam os programas de TV dos quais participou. Num desses talk shows, aparece a solitária exceção que é a primeira esposa, ao lado dele, se queixando em público da vida conjugal. Mas não se trata de um documentário na primeira pessoa porque, por trás do longo depoimento percebe-se o trabalho de edição. Principalmente no início do filme, o diretor recorre à fragmentação e à sobreposição das falas, para nos colocar sensorialmente em presença de uma personalidade complexa e fraturada. A essência da obra é a divulgação do que não tinha aparecido nas matérias transmitidas pela mídia, especialmente a carreira de delinqüente juvenil até os 20 anos, quando Tyson conquistou o campeonato mundial. O inesperado sentimento que provoca este guerreiro derrotado pela vida é compaixão.
sábado, 30 de janeiro de 2010
"Tyson" parece um auto-retrato, mas é um perfil autoral do pugilista por James Toback
Um diretor e roteirista respeitado e experiente como James Toback não iria trapacear neste documentário sobre Mike Tyson, fazendo-o recitar um texto ensaiado. Mesmo porque poucas pessoas tiveram tanta exposição quanto esse ex-campeão de boxe e, portanto, seria fácil perceber se ele estivesse representando um papel. Tyson se destacava pela eficiência e crueldade, criando em torno de si uma mitologia que se ampliou depois dele ter sido condenado por estupro e passado alguns anos na prisão.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário