A tela se incendeia em Nova York, quando ela entrevista a mãe, para tentar entender porque ela abandonara o “doutor do baião”, para fugir com o jornalista Luis Jatobá. Mas este é um documentário essencialmente musical. Não apenas pela natureza de seu objeto, mas pela estrutura, que não obedece rigorosamente à elementar ordenação de começo, meio e fim. Nem às partes de um discurso, conforme as divisões da retórica clássica. A montagem opera mais por aproximação, a chamada “montagem de evidência”, no dizer do teórico Bill Nichols. Salta de um subtema a outro (a família, a atividade musical, a visão de mundo etc) e recorre aos números musicais que funcionam como refrão e leitmotiv para pontuar a narrativa. Pela presença de Luiz Gonzaga ao lado de outras expressivas figuras da cultura popular, e também pelos saborosos momentos de poesia que proporciona, o filme é um espetáculo superlativo de cinema.
sábado, 9 de janeiro de 2010
"O Homem que Engarrafava Nuvens": filme sobre o compositor de “Asa Branca”
Finalmente entra em cartaz O Homem que Engarrafava Nuvens de Lírio Ferreira. O ponto de partida é a atriz Denise Dumont (na foto abaixo com Lírio Ferreira) percorrendo fisicamente o mundo que fora habitado pelo pai Humberto Teixeira, à procura da “verdade” sobre ele. O cineasta comanda essa busca, oferecendo uma profusão de dados captados com requinte visual pelo fotógrafo Walter Carvalho. Por vezes trabalhado graficamente, esse abundante material de arquivo se associa a depoimentos, interpretações e releituras de suas músicas. E até à própria fala gravada de Teixeira que conduz, ela mesma, grande parte da narrativa.
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