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quarta-feira, 21 de abril de 2010

“Sonhos Roubados”: a prostituição seria uma espécie de karma para toda uma geração?

Boa parte do cinema brasileiro insiste em justificar a criminalidade como efeito da falta de recursos e apoio do estado. Falando sobre o seu “Sonhos Roubados”, sobre três colegas de escola na periferia carioca, a experiente Sandra Werneck (de “Cazuza”) repete o mesmo clichê. Ela declara literalmente que “a falta de possibilidades no dia a dia, a falta de escola e de políticas, fazem com que essas meninas tenham que se virar”. O roteiro se baseia em histórias reais, mas cabem as perguntas, porque não mostrar personagens significativos da maioria das garotas, isto é, as que não se prostituem apesar da pobreza? Ou ainda quais são os “Sonhos Roubados” do título?
As próprias personagens respondem: a primeira sonha com uma festa de quinze anos; a segunda deseja ser beijada pelo namorado; e a terceira gostaria de ver o avô livre de uma doença. Mas logo se emenda, dizendo “mas o que eu queria mesmo era aquela calça da loja”. Como vemos são três personagens a procura de um objetivo dramático. Uma delas ainda luta, sem muito empenho, para manter a guarda da filha. Outra faz amizade com uma cabeleireira da vizinhança que lhe convence a denunciar os abusos do tio pedófilo com quem mora e a restante do trio decide a levar adiante uma inoportuna gravidez.
No drama social “Sonhos Roubados”, que estréia nesta semana, as mães que costumavam assumir a função de principal esteio dos lares, desaparecem do horizonte dramático, por terem morrido drogadas, ou terem fugido para sempre com um bandido. Pior é no drama quase político “As Melhores coisas do Mundo”, também em cartaz na qual é o pai quem sai de casa (e do armário) para viver com um aluno. Ou seja, nos filmes brasileiros atuais sobre adolescentes, a garotada volta a se afastar de casa, não mais porque os pais continuem tirânicos, mas porque “casas” quase já não existem – pelo menos no sentido tradicional do termo. Amigos, vizinhos e professores representam os elementos mais próximos ao que seria uma família, como é o caso da personagem de Marieta Severo em “Sonhos Roubados”.

Além da própria sobrevivência física e mental, os principais problemas enfrentados pelos personagens do novo cinema teen brasileiro são a convivência com as pessoas da mesma idade e o relacionamento com o ambiente social. Isso envolve a busca de uma identidade e de uma compreensão mínima acerca das condições sociais em que se movimentam. As meninas de “Sonhos Roubados” se sentem atraídas pela prostituição, sem que ninguém as seduza para essa atividade, mas como uma opção quase única que se manifesta em tudo e em todos, no meio em que vivem. Ou seja, num movimento duplo, vemos, de um lado, o esforço pela individuação e, de outro, a constatação sartreana de que “o inferno são os outros”.
Só em “As Melhores coisas do Mundo” aparece com mais força a questão da solidariedade e a consciência de que, mesmo que não haja mais uma ditadura para criticar, os jovens fazem parte de uma coletividade e também são responsáveis pelos rumos que ela pode tomar. Como “As Melhores Coisas do Mundo” fez mais de R$ 500 mil em seu primeiro fim de semana, o público parece interessado no que esses personagens representam e no que eles têm a dizer. Novos questionamentos, novas tecnologias (celular, internet) e uma nova geração. Os jovens que voltam ao cinema brasileiro não são os mesmos que sumiram nos anos 90 – e ainda bem.
SONHOS ROUBADOS
estreia 23 04 2010
Brasil - 2010 – 91 min. - 16 anos
Gênero Drama / Adolescência
Distribuição Europa Filmes
Direção Sandra Werneck
Com Marieta Severo, Daniel Dantas, Nelson Xavier
COTAÇÃO
* *
REGULAR

2 comentários:

Unknown disse...

Olá!

Meu nome é Douglas Santos e trabalho na agência publicitária Núcleo da Idéia Comunicação. Gostaria de um e-mail para que possamos entrar em contato direto. Por favor, envie para mkt9@nucleodaideia.com.br

Aguardo resposta e agradeço pela atenção.

nathália disse...

A diferença que precisa ser levada em consideração entre sonhos roubados e as melhores coisas do mundo é que no ultimo os jovens são de classe média, portanto o leque de opções de transforma suas vidas são maiores e trata de jovens homens; no primeiro, além de ser meninas oq ue ai já tem um peso maior, ela são jovens da periferia na qual o tráfico é intenso. Acho que Sonhos Roubados merece uma análise mais profunda, não é tão simples como está posto nesta análise.