"Sede de Sangue” é o mais recente trabalho do coreano Park Chan-Wook – o festejado autor de “Old Boy” , que faz parte da sua “trilogia da vingança”. Para boa parte do público e dos críticos, o diretor decepciona com esta história de vampiros que traz um padre católico como protagonista e cuja exuberância de recursos expressivos pode resultar em algo penoso para público ocidental. Pra começar, o humor um tanto pesado que cerca esta saga masoquista na qual o personagem se oferece para testar a vacina contra um novo vírus mortal e que, misteriosamente, não afeta pessoas de raça negra.
Ele morre, mas volta à vida como um vampiro que passa por experiências cruelmente cômicas e filmadas de modo criativo – ainda que nem tanto quanto se observa em seus trabalhos anteriores. Por exemplo, a passagem em câmara subjetiva em que acompanhamos a ampliação de seus sentidos e podemos ver até os ácaros que passeiam sobre a sua pele. As pessoas com as quais ele se relaciona se mostram especialmente grotescas, formando um universo quase expressionista que, curiosamente, se assemelha ao do dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues. A primeira cena de sexo do filme, aliás, traz uma percussão tipicamente afro-brasileira na trilha sonora.
A câmara se mostra ágil e irriquieta o tempo todo, geralmente evitando o zoom e os contraplanos. A trama caminha num percurso inesperado, ao mostrar o vampiro mais como vítima do que como predador dos seres humanos de seu convívio. Ao longo do filme, mesmo se tornando um monstro, essa figura central procura preservar o altruísmo cristão. Assim como o diretor, mesmo lidando com personagens tão sem consistência, luta para dar coerência à narrativa e prosseguir exibindo seus talentos de cineasta.
COTAÇÃO
Coréia do Sul - 2009 – 133 min. - 16 anos
Gênero horror / comédia
Distribuição Paris Filmes
Direção Park Chan-Wook
Com Kang-ho Song, Mercedes Cabral, Ok-bin Kim
Gênero horror / comédia
Distribuição Paris Filmes
Direção Park Chan-Wook
Com Kang-ho Song, Mercedes Cabral, Ok-bin Kim
COTAÇÃO
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