A aventura se passa numa aldeia viking − na alta Idade Média, portanto − que é assolada por diversas espécies de dragões. A principal atividade de seus habitantes é caçar esses ferozes répteis alados que lhes devoram os rebanhos e soltam fogo pela boca. O protagonista da história é um adolescente aprendiz de ferreiro que, em lugar da espada e da lança, procura inventar novos meios de enfrentar os predadores e, graças ao seu talento para o artesanato, acaba elaborando um modo de domesticá-los.
O seu conflitado relacionamento com o resto da comunidade − o pai, o mestre e os colegas − é muito bem desenvolvido em termos de humor, com um diálogo e um desenho que lembram os melhores álbuns de “Asterix”. Como um precursor de Leonardo da Vinci, o garoto prefere a técnica à força bruta e acaba descobrindo que, para controlar uma fera, é preciso primeiro aceitá-la e compreendê-la. Mas tudo isso se manifesta por meio de uma ação incessante, que coincide com “Avatar” nas seqüências em que os nativos cavalgavam animais alados.
Há até uma batalha aérea com os jovens vikings montando os seus dragões que rivaliza com os momentos visualmente mais sofisticados e emocionantes do filme de James Cameron. Num diálogo, o herói conta que, quando encarou um dragão de perto pela primeira vez, notou que o bicho estava tão assustado quanto ele e, então, pôde enxergar ele mesmo, nos olhos do inimigo. O recado que fica é, mais uma vez, um apelo à paz, ao respeito à natureza e à diversidade biológica e cultural. Esses parecem ser os valores que tendem a nortear os espetáculos de aventura no cinema contemporâneo.
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