O filme se passa em 1954, tempo em que nos EUA se caçavam idéias esquerdistas, como fazemos aqui com o mosquito da dengue. DiCaprio é um agente federal que vai investigar o desaparecimento de uma interna num manicômio judiciário. Nesse processo, entretanto, o personagem vai se fragmentando, e reaviva dolorosas lembranças − da sua vida particular e da experiência como um dos soldados americanos que arrombaram os portões de Dachau, onde os nazistas eliminavam em massa seus inimigos. Aqui se promove a inevitável comparação entre o macartismo e o nazismo, entre o campo alemão de extermínio e os hospícios prisionais.
O poder dessa metáfora, porém, vai crescendo ao longo do filme e nos conduz para além dos fatos históricos, a uma instância em que se depara com a repressão e a guerra como meros exemplos da incapacidade humana para enfrentar o medo. E então nos lembramos das guerras de ocupação, de Guantânamo, do terrorismo, da tortura e de toda a desumanidade que assistimos ao nosso redor. Nessa primeira fase de “Ilha do Medo”, há um traço de teatralidade na encenação, enfatizada pela música gritante e pelo excessivo nervosismo de algumas situações.
Aos poucos se percebe que esse artificialismo é proposital, o detetive vai passando de perseguidor a perseguido e o roteiro se transfigura. A tal ponto, que o filme passa a desenvolver duas narrativas diferentes ao mesmo tempo: uma delas desenhada por ele e a outra pelos demais personagens. Essa duplicidade se mantém até o final, quando o espectador é levado a escolher uma dessas opções. Ou ficar com ambas, porque elas conduzem à mesma reflexão sobre a violência, como a mais inútil e desastrosa das soluções para os problemas humanos.
Um comentário:
eu e o samuel acabamos de ver o filme e ficamos na maior discussão... ele era louco ou não? ele achava que sim e eu que não....... putz, será que a ideia era essa mesma, deixar em aberto como você disse? escolher uma das duas visões?
um beijo
diana
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