Antes da metade do filme, já se sabe que o “O livro de Eli” é a bíblia, a última que resta no mundo. A própria guerra que trouxera o apocalipse teria acontecido em função dela e, assim, o protagonista e o antagonista a disputam por motivos opostos. O bandido quer usá-la para melhor oprimir os fracos, enquanto o mocinho acredita em seu poder de redenção. Esse é o conflito central do filme e, afinal, também a sua mensagem.
O ponto fraco deste paladino, porém, permanece escondido dos espectadores e dos outros personagens até as cenas finais, onde reside a grande surpresa do filme. Um especialista contou 26 filmes de samurais que apresentam o mesmo handicap do nosso guerreiro, ainda que o mais conhecido atualmente seja “Zaitochi” (2003). Mas, ao contrário do que acontece nos filmes de Takeshi Kitano, quase não se vê sangue nas inúmeras batalhas em que ele se envolve. Os gêmeos Hughes que dirigem o filme reduzem as cores a uma paleta quase monocromática e, muitas cenas de luta são mostradas em contra-luz, apenas em silueta. É evidente, aliás, o fascínio das histórias em quadrinhos sobre os irmãos Huhges, que dirigiram “O Livro de Eli”, depois de “Do Inferno”, uma adaptação da graphic novel de Alan Moore desenhada em branco e preto. Apesar de mexer com cinema desde os 12 anos, estes afro-descendentes gêmeos, nascidos em Detroit em 1972, ainda não sedimentaram um estilo que os caracterize, como é o caso dos irmãos Coen, de Mineápolis, e dos Taviani, de Pisa.
Um comentário:
Salve Luciano. Li sua crítica sobre este filme e tornei-me seguidor do blog. To até divulgando no meu. Como vc percebeu não gostei tanto do filme. Pra mim o grande3 furo está justamente na tal "grande surpresa". Acho que os manos de Detroit não souberam conduzir a coisa e ficou meio que colado com cuspe. Um pouco culpa do sr. Denzel que poderia construir o personagem com um quê de mais sútil. Vi uma expressão tua sobre "o bem amado" que dizia que Nanine acerta em 95% dos casos. Bem, ao meu ver, estes são os 5% do Denzel.
Valeu pela visita
Gde Abç.
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