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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Lula, Padre Cícero e Joãosinho Trinta no tardio renascimento do docudrama

Agora que Luis Carlos Barreto vai desinteressadamente lançar a cinebiografia de Lula no Festival de Brasília, o cinema brasileiro começa a gestar mais dois projetos de obras do gênero docudrama, que é aquele híbrido de ficção com documentário. Uma modalidade de filme que foi de grande prestígio no tempo de "Independência ou Morte" e que estava quase caindo em desgraça até ser apresentado no tapete vermelho, em plena corte brasiliense, como fazia Molière em Versalhes, para Luis XIV. Num desses novos exemplares de pura verdade histórica, Matheus Nachtergaele ("Tapete Vermelho") vai personificar o carnavalesco Joãosinho Trinta (ABAIXO COM MATHEUS). O ator diz que aceitou porque o maranhense representa “a alegria do brasileiro e é símbolo de inventividade”. O diretor será Paulo Machline, que já tinha realizado um documentário, só com o material de pesquisa a respeito do carnavalesco.
E o Sérgio Machado, diretor de “Cidade Baixa” vai filmar a história de Cícero Romão Batista, o Padre Cícero, que morreu aos 90 anos em 1934. O filme se baseia no prestigiado livro “Poder, Fé e Guerra no Sertão”, de Lira Neto, que acaba de ser lançado. No título, a palavra poder vem antes da palavra fé, porque o fato religioso mais marcante na história do "padinho" ocorreu em 1889: enquanto rezava uma missa, a hóstia se transformou em sangue na boca da beata Maria de Araújo. Mais importantes que rezas e milagres foram as incursões do Padre Cícero na política. Foi o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, conservador e aliado de Lampião e das oligarquias do Nordeste. Como Jofre Soares já se foi, ainda não há ator para o papel. Eu voto em Zé Dumont ou, no segundo turno, em Gero Camilo.

Mas seu fosse produtor de cinema faria um docudrama sobre Anselmo Duarte, o diretor de "O Pagador de Promessas", recentemente falecido, aos 89 anos de idade. Foi o único cineasta do Brasil que ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Como o maior e mais requisitado galã brasileiro de século, desfrutou uma vida absolutamente fantástica. Marginalizado pelos críticos e cineastas de seu tempo, teve um destino parecido com o de Orson Welles, para quem o sucesso tomou a forma de maldição. Aliás, no ano que vem, o diretor americano John McTiernan (“Duro de matar”) vai filmar no Brasil “The assassination of Orson Welles”, ambientado nos anos 40, quando Welles passou uma longa temporada no país tentando filmar “É tudo verdade”, nunca concluído. McTiernan afirma que Welles foi vítima de uma campanha de difamação orquestrada pela imprensa americana, naquele período em que estava ausente: dizia-se que o autor de "Cidadão Kane" estava fugindo do "esforço de guerra".
Em tempo: leia-se a excelente crônica do Ignácio Loyola publicada no Estadão de 20/11/09. Ela me deu vontade de propor mesmo essa idéia para um produtor...

2 comentários:

Valdecy Alves disse...

Veja documentário recente que fiz sobre o Padre Cícero: PADIM CIÇO, SANTO OU CORONEL? Podendo acessar através do meu blog:

www.valdecyalves.blogspot.com

Luciano Ramos disse...

Oi Valdecy,
Obrigado pela dica(sé vi agora...)
Abraço
Luciano