A ousadia do filme é mostrar duas linguagens que se relacionavam independentemente da mediação das pessoas. Falo do minimalismo, que marca tanto a etapa inicial de Chanel, quanto "A Sagração da Primavera" com seus ostinati. Curiosamente, como resultado do encontro, essa tendência seria arrefecida, durante o neo-classicismo de Stravinsky e a "fase russa" de Chanel. Mas isso está fora do filme. O que ele realiza é um poderoso docudrama, dando mais importância a esses postulados do que ao relato de uma história com começo meio e fim. Como num documentário de Robert Drew (Crisis - 1963) que trabalhava na linha do "cinema direto", Kounen procura reconstituir momentos de crise. É o que vemos na deslumbrante sequência inicial, em que ele reproduz a desastrosa estréia de "A Sagração da Primavera", em Paris - 1913, praticamente em tempo real.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
"Coco Chanel & Igor Stravinsky", um filme de muito estilo, sobre criadores de estilos
Quem se interessou por Coco Chanel na inerpretação de Audrey Tatoo vai ter uma agradável surpresa com o docudrama "Coco Chanel & Igor Stravinsky", que foi lançado na Mostra e deverá chegar aos cinemas. O filme focaliza apenas os dois anos, de 1920 a 1922, durante os quais Stravinsky e toda a sua família foram hóspedes de Chanel. O filme economiza falas, porque faz ficção nas brechas abertas entre os fatos documentados. A historiadora Edmonde Charles-Roux, numa notinha, informa que ela assumiu discretamente um romance entre os dois. Discreção, aliás, é a palavra, porque o filme pretende explorar a identidada estética entre os personagens, numa aventura realizada além da carne e da emoção. Mostra uma afinidade de estilos acima de um ancontro amoroso entre homem e mulher. Num diálogo, por exemplo, o roteiro de Jan Kounen insinua que eles talvez nem entendessem plenamente o trabalho um do outro. Igor chega a dizer a Coco: "você não é artista, é apenas uma fabricante de tecidos".
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