Com o documentário “Entre a Luz e a Sombra”, a repórter paulista Luciana Burlamaqui pretende contar uma história que se manifesta ao longo de sete anos, acompanhando uma experiência de recuperação de criminosos presos no antigo Carandirú, por meio da atividade musical. Formada pela PUC-SP e iniciada em televisão por Luis Filipe Goulart de Andrade, neste projeto ela radicaliza a postura de acompanhar os personagens centrais em sua intimidade, para que a câmara possa captar os chamados “momentos de crise”. Exatamente como fez Robert Drew em “Primárias”, um dos filmes pioneiros do cinema direto. Num plano-sequencia clássico daquele documentário feito em 1960, o cinegrafista vai seguindo John Kennedy, até que ele chegue a um palco e a câmara mostre a platéia aplaudindo, como num plano-subjetivo do candidato à presidência. Luciana praticamente reproduz aqui aquela célebre tomada, focalizando uma dupla de presidiários cantores de Rap (
abaixo) e, de fato, ao longo do filme captura passagens de contundente autenticidade, ainda que misturadas a encenações e entrevistas das mais prosaicas. Brigas pra valer entre os protagonistas convivem com discursos ensaiados para justificar o crime como efeito unívoco da pobreza e até enunciar aspectos supostamente ideológicos da criminalidade. Se a diretora evitasse se afastar da trilha do cinema direto, na qual caminha tão bem, talvez tivesse chegado a um resultado mais consistente e a um filme menos longo. “Entre a Luz e a Sombra” tem duas horas e ½ de duração e alguma gordura narrativa, que ficaria melhor fora do filme.
Entre a Luz e a SombraBrasil 2009 – 150 min
estreia 27/11/2009
Gênero documentário
Distribuição Vídeo Filmes
Direção Luciana Burlamaqui
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