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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

De olho no Oscar e com a boca no microfone: uma avaliação ligeira dos premiados


A premiação do Oscar 2011 foi especialmente acertada, ainda que tenha sido uma das mais previsíveis dos últimos tempos, inclusive com a tradicional distribuição dos principais prêmios técnicos e artísticos entre os três favoritos. “A Rede Social”, sobre o criador do Facebook corria na frente, mas ficou apenas com três: roteiro adaptado, montagem e música. O 2º mais bem cotado “O Discurso do Rei” foi o grande campeão, com 4 prêmios "classe A" (ou seja, artística): roteiro original, ator, diretor e melhor filme. No meu entender, uma escolha mais do que justa, mostrando que, neste ano, a Academia teve mais lucidez do que muitos colegas da crítica que consideraram aquele filme com Colin Firth apenas correto, apesar de “quadrado”.

Esse filme sobre o rei Jorge 6º da Inglaterra lutando contra a gagueira provou ser muito mais: isto é, um ensaio dramático sobre as relações entre o poder político e a comunicação de massa na primeira metade do século XX – fruto de uma tradição essencialmente britânica desenvolvida pela BBC, de onde veio o diretor Tom Hooper (foto abaixo). Aliás teve gente que estranhou o fato de que, aos 39 anos ele seria um "iniciante" em cinema, mesmo tendo dirigido mais de 10 títulos, entre filmes e seriados para a TV inglesa, desde 1992.

Com a mesma quantidade de estatuetas, “A Origem”, que em muitas pesquisas também se achava à frente dos demais ficou com edição e mixagem de som, fotografia e efeitos visuais. Ou seja, os tais prêmios técnicos – o que não quer dizer que ele seja apenas uma superprodução e não uma metáfora (talvez a mais bem construída desta década) sobre o caráter onírico do próprio cinema, que nos permite sonhar acordado.
Perfeitas também foram as escolhas de Natalie Portman ("Cisne Negro") como atriz, e da dupla Christian Bale e Melissa Leo ("O Vencedor") como intérpretes coadjuvantes. Indiscutível também foram as vitórias da animação "Toy Story 3", do filme dinamarques "Um mundo Melhor" e do documentário “Trabalho Interno" – ainda que isso tenha significado a exclusão de "Lixo Extraordinário", a única pontinha brasileira nessa competição.

Um comentário:

João Solimeo disse...

Gostei bastante de O Discurso do Rei, embora ache que A Rede Social seja um filme mais atual e relevante. Os dois tratam de comunicação; como você bem apontou, o filme britânico fala sobre a importância da comunicação de massa (o rádio) no século XX. Mas "A Rede Social" tocou em um ponto mais atual, este paradoxo em que um "nerd" sem amigos tenha criado uma rede de 500 milhões de "amigos" que usam a internet todos os dias. Mas até que o Oscar para O Discurso do Rei foi de bom tamanho. Realmente discordo do prêmio para seu diretor. Ele fez um bom trabalho, mas foi apenas correto (o filme dependia muito mais de seu ótimo elenco). David Fincher teria sido uma escolha melhor, em minha opinião, ou mesmo os irmãos Coen. Falando em Bravura Indômita, Roger Deakins ter pergido o Oscar de Melhor Fotografia foi muito injusto.