O grande favorito ao Oscar de melhor ator é Colin Firth, não apenas por seu trabalho em “O Discurso do Rei”, mas porque era ele quem tinha de ter recebido o prêmio no ano passado por sua atuação em “Direito de Amar” (A Single Man). Este filme dirigido pelo estilista Tom Ford é agora lançado em DVD. Desde o início, por meio de uma narração em off do protagonista, ficamos sabendo que ele pretende se suicidar, porque a pessoa amada morrera num acidente. E ele – um prestigiado professor universitário– nem teve o direito de comparecer ao enterro. Tratava-se de um relacionamento homossexual – o que era socialmente inaceitável no início dos anos 60, época em que a história é ambientada. Mas a proposta não é filmar os acontecimentos em si, e sim a subjetividade do personagem em relação a eles. As lembranças, os pesadelos e as distorções da realidade objetiva provocadas pelo desespero se harmonizam com o registro prosaico do cotidiano. Para cada uma dessas instâncias, Ford cria uma linguagem visual que as distingue das demais. Assim, as memórias aparecem granuladas, enquanto as alucinações são mostradas em câmara subjetiva, em super closes e sonorização explicitamente artificial. O roteiro cruza por todas essas transições sem perder a fluência ou escorregar para o melodrama. Finalmente, deságua num desfecho que, mesmo sem ser feliz para o personagem, mostra-se satisfatório do ponto de vista da narrativa, ao instaurar um elemento fantástico que vem para enriquecê-la.
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