Em “Além da Vida”, o tema de Clint Eastwood não é a inevitabilidade da morte, que vimos em seus trabalhos recentes como “Menina de Ouro” (2004) ou “Gran Torino” (2008), em que essa fatalidade pode ter um significado adicional ao mero encerramento da existência. Também não é - como alguns comentaristas colocam – a questão da possibilidade ou não da “vida” após a morte. Desta vez ele coloca em discussão a prática da mediunidade – o que implica como premissa, na aceitação de uma forma de comunicação que se manifeste num plano “além da vida”. Chega, inclusive, a esboçar uma explicação fisiológica para esse fenômeno, como veremos nas sequencias finais.
Sem mencionar a palavra médium, ele cria um protagonista (Matt Damon) que fizera da mediunidade uma profissão e meio de ganhar dinheiro. Isto é, lidava com ela de maneira apenas utilitária, distante de qualquer pressuposto ético. No início do filme, ele informa que abandonara essa atividade quando se achava no auge da fama e agora ganha a vida como operário. O irmão e os amigos imploram para que ele retome o contato com os que já se foram, mas ele recusa com veemência, porque aquilo foi para ele uma “maldição” e não uma “missão” – como era para Chico Xavier. Ou seja, o diretor evita se movimentar explicitamente na seara religiosa, mas acaba chegando lá, com a sutileza que vem destilando a cada filme. Para não revelar o seu encerramento, pode-se dizer somente que ele aprende uma forma mais saudável de empregar essa habilidade, que passa pelo amor e pela solidariedade – que é o que também descobrem os demais personagens.
Do ponto de vista formal, Clint Eastwood aprimora ainda mais a sua estética minimalista. Desde já podemos imaginar que este seja um dos melhores filmes da temporada, pela sua elegância e poder de síntese, capaz de provocar emoção com um mínimo de recursos narrativos. Apesar de reconstituída com uma técnica de impressionante realismo, até a cena inicial do tsunami que envolve a personagem de Cecile de France (“Um Segredo de Família”) evita qualquer sensacionalismo. O mesmo pode ser dito da música, mais uma vez composta pelo próprio diretor e perfeitamente integrada ao andamento das cenas, aparecendo sempre nos momentos em que é inevitável.
Em termos de estrutura, o roteiro desenvolve três histórias paralelas que se entrelaçam no final. E aí surge uma sensação de proximidade com certo romantismo dramático soft como, por exemplo, em “Sintonia do Amor” (Sleepless em Seattle – 1993), em que Tom Hanks e Meg Ryan só sem encontram no final do filme, mas os espectadores são levados a torcerem para que isso aconteça. Em “Além da Vida”, um terceiro elemento é incluído, provavelmente para fugir do paradigma de filme de amor tipo “boy meets girl”: um garoto inglês que perdera o irmão gêmeo num acidente insiste para que o psychic interpretado por Matt Damon estabeleça ligação com ele – sem perceber, como é informado à platéia, que esse contato já tinha acontecido.
Sem mencionar a palavra médium, ele cria um protagonista (Matt Damon) que fizera da mediunidade uma profissão e meio de ganhar dinheiro. Isto é, lidava com ela de maneira apenas utilitária, distante de qualquer pressuposto ético. No início do filme, ele informa que abandonara essa atividade quando se achava no auge da fama e agora ganha a vida como operário. O irmão e os amigos imploram para que ele retome o contato com os que já se foram, mas ele recusa com veemência, porque aquilo foi para ele uma “maldição” e não uma “missão” – como era para Chico Xavier. Ou seja, o diretor evita se movimentar explicitamente na seara religiosa, mas acaba chegando lá, com a sutileza que vem destilando a cada filme. Para não revelar o seu encerramento, pode-se dizer somente que ele aprende uma forma mais saudável de empregar essa habilidade, que passa pelo amor e pela solidariedade – que é o que também descobrem os demais personagens.
Do ponto de vista formal, Clint Eastwood aprimora ainda mais a sua estética minimalista. Desde já podemos imaginar que este seja um dos melhores filmes da temporada, pela sua elegância e poder de síntese, capaz de provocar emoção com um mínimo de recursos narrativos. Apesar de reconstituída com uma técnica de impressionante realismo, até a cena inicial do tsunami que envolve a personagem de Cecile de France (“Um Segredo de Família”) evita qualquer sensacionalismo. O mesmo pode ser dito da música, mais uma vez composta pelo próprio diretor e perfeitamente integrada ao andamento das cenas, aparecendo sempre nos momentos em que é inevitável.
Em termos de estrutura, o roteiro desenvolve três histórias paralelas que se entrelaçam no final. E aí surge uma sensação de proximidade com certo romantismo dramático soft como, por exemplo, em “Sintonia do Amor” (Sleepless em Seattle – 1993), em que Tom Hanks e Meg Ryan só sem encontram no final do filme, mas os espectadores são levados a torcerem para que isso aconteça. Em “Além da Vida”, um terceiro elemento é incluído, provavelmente para fugir do paradigma de filme de amor tipo “boy meets girl”: um garoto inglês que perdera o irmão gêmeo num acidente insiste para que o psychic interpretado por Matt Damon estabeleça ligação com ele – sem perceber, como é informado à platéia, que esse contato já tinha acontecido.
ALÉM DA VIDA
Hereafter
estreia 07 01 2011
EUA - 2010 – 129 min. - 12 anos
Gênero drama / suspense / espiritualidade
Distribuição Warner Bros
Direção Clint Eastwood
Com Matt Damon, Cecile de France,
Frankie McLaren e George McLaren
COTAÇÃO
* * * *
Ó T I M O
Hereafter
estreia 07 01 2011
EUA - 2010 – 129 min. - 12 anos
Gênero drama / suspense / espiritualidade
Distribuição Warner Bros
Direção Clint Eastwood
Com Matt Damon, Cecile de France,
Frankie McLaren e George McLaren
COTAÇÃO
* * * *
Ó T I M O
Um comentário:
Embora não seja um filme ruim como Ghost, este último do Clint Eastwood é bem carola e espírita, pelo menos para quem, como eu, é agnóstico, e não vai ao cinema coma intenção de ser convertido. É uma defesa envergonhada da fé,mais do que uma defesa forte do humanismo, e penso que o diretor se apequenou com esta obra, e buscou um público ainda maior.
Postar um comentário