O outro alvo do corrosivo sarcasmo dos irmãos Coen é a família. A do personagem central, um professor de física, é especialmente enlouquecedora: a mulher o troca por um velho amigo e o expulsa de casa, exigindo que ele pague as contas do divórcio; a filha sempre lhe subtrai dinheiro da carteira; o filho vai completamente chapado ao próprio Bar Mitzva e o irmão que dorme no sofá da sua casa é preso por sodomia. Interpretado por Michael Stuhlbarg, esse protagonista sem objetivo dramático e sem vontade própria, quase um fantoche nas mãos dos outros, parece uma versão cômica de "Woyzec", de Georg Büchner (1836).
Apesar de toda a seriedade e da vocação para a obediência e para a conformidade social, ele resiste a tentações, como a vizinha sexy que o convida para um chá gelado na tarde quente, e o aluno coreano que lhe oferece uma fortuna em troca da aprovação. Provavelmente resiste apenas porque teme a ira de Ha Shem. Antes dos créditos de abertura há uma inacreditável sequencia ambientada na Polônia do século XIX que, a princípio, parece cena de horror, mas é a mais engraçada do filme. Em segundo lugar vem um pesadelo do professor, no qual ele usa uma lousa gigante (foto abaixo) para demonstrar matematicamente o princípio da incerteza de Heisenberg, aliás, um tema que sempre fascinou os irmãos Coen e que deles mereceu um filme inteiro como tema: "O Homem que não Estava Lá" (2001).
Um comentário:
adorei esse filme ...
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