A trama de O Lobisomem se desenvolve numa mansão do século XIX iluminada apenas por velas e lampiões, cercada de bosques repletos de luar filtrado pela névoa. Por serem capazes de filmar com pouquíssima luz, as modernas câmeras de alta definição abrem novas possibilidades expressivas para o velho gênero do horror, cujo habitat natural são as sombras na noite. Essa modalidade de cinema vive agora um grande momento porque, além das câmeras digitais veio a computação gráfica, oferecendo novas facilidades para criar monstros sempre mais horripilantes, dinâmicos e verossímeis.
Esta nova versão de O Lobisomem se beneficia especialmente dessas inovações, mostrando-se bem mais gótico e assustador que o clássico de 1941 − ainda que tenha se baseado no roteiro original de Curt Siodmack, ambientado em meados do século XX. O novo diretor Joe Johnston e os roteiristas Andrew Walker e David Self − profissionais com grande experiência em séries de TV − criaram um visual mais sofisticado e deram mais densidade aos personagens, aprofundando o conflito entre o protagonista e seu pai, aqui interpretado por sua excelência Antonhy Hopkins. Ou seja, enveredaram por um caminho ficcional que o cinema americano do início dos anos 40 não podia seguir. Pontuado por referências a Shakespeare, esse drama ganha o peso de uma tragédia: uma espécie de Édipo invertido de maneira demoníaca, o que permite a Anthony Hopkins citar a mais conhecida fala de Hamlet, numa cena particularmente impressionante. A propósito, o personagem central é um ator inglês radicado nos Estados Unidos, que volta para a Inglaterra após a morte violenta e misteriosa do irmão. Não fosse essa solução de roteiro, aliás, Del Toro seria obrigado a interpretar com sotaque britânico. Outro mérito do roteiro é ter dado um motivo para a violência do monstro. Os vampiros matam pelo sangue, os zumbis para comer e os lobisomens por qual razão?
Neste filme ficamos sabendo.
Neste filme ficamos sabendo.
Em suma, o que foi um “filme B” em 1941 foi adaptado para uma produção de primeira categoria, que tem a estilista Milena Canonero cuidando dos figurinos e o mestre Rick Baker fazendo a maquiagem. Em 1981, quando Hollywood decidiu instituir o Oscar de maquiagem, o primeiro premiado foi ele, justamente com o filme Um Lobisomem Americano em Londres que, até hoje, é o filme mais interessante com esse tema. Mas é preciso admitir que a máscara (foto abaixo) criada pelo mago da caracterização Jack Pierce em 1941, apesar de mais simples que a atual, tinha a vantagem de permitir que os olhos do ator ficassem bem visíveis para exprimir a o mundo interior do monstro.
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