Poderia ser uma história de fantasma, como tantas outras que já assombraram o cinema. Mas há uma clara identificação com o pensamento kardecista, ao colocar a menina morta numa espécie de estágio intermediário entre o mundo em que vivemos e o além, que a distribuidora do filme se apressou a chamar de “paraíso” no título brasileiro. Esse ambiente é desenhado de forma a não parecer repetitivo ou psicodélico, e nem cair no mau gosto. Só que não foi possível evitar a exuberância nessas imagens, assim como dev ter sido difícil conter os acordes inflamados de Brian Eno, incorporando lembranças da banda Roxy Music na trilha sonora.
Em breve veremos o brasileiro “Nosso Lar”, de Wagner Assis (“A Cartomante” – 2004) baseado em livro de Chico Xavier, em que esse limbo funciona como uma cidade, na qual os espíritos são preparados para seguirem em frente. Stanley Tucci (foto abaixo) constrói uma personificação tão marcante desse psicopata, que foi indicado para o Oscar de coadjuvante. O problema é que ele atua um pouco na linha dos velhos atores característicos, exagerando nos recursos exteriores à interpretação, como enchimento nas bochechas e outros truques. Interpretando a avó, Susan Sarandon cuida dos momentos cômicos, mas a boa surpresa é mesmo a iniciante Saoirse Ronan no papel central. E o próprio Jackson, como diretor competente também no terreno do intimismo, soltando a câmera do tripé e buscando a agilidade nos cortes e a fluência na narrativa.
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