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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"O que resta do tempo" é o amadurecimento do estilo pessoal de Elia Suleiman

Finalmente, aos 50 anos de idade, com O que resta do tempo, o cineasta Elia Suleiman acerta a mão e consegue firmar um estilo próprio. Ele é um israelense de etnia árabe, que nasceu e cresceu na cidade de Nazaré e, em 2002, com o discutível Intervenção Divina, ensaiava os primeiros passos em direção ao tipo de cinema que só agora consegue fazer. Difícil de conceituar, antes de tudo essa linha de trabalho busca um ponto intermediário entre a intensa estilização e o relato histórico. Fala de acontecimentos dramáticos que ele e seu povo de fato viveram, desde 1948 com a criação de Israel.
Autobiográfica, a narrativa tem como protagonista o pai do cineasta, um dissidente que fabricava armas para os palestinos, enquanto ele só aparece como testemunha quase calada e totalmente submissa às circunstâncias. Mas, a não ser logo no início, não há cenas de violência, porque o roteiro coloca em primeiro plano o cotidiano das pessoas. Na cena inicial e nas sequencias finais é o próprio Suleiman que interpreta a si mesmo. O ambiente não parece adequado, mas o tom geral é de humor gráfico. Em boa parte das sequencias, os personagens entram em cena num quadro já montado e ali permanecem quase imóveis enquanto dialogam laconicamente. Às vezes os mesmos cenários e personagens se repetem para mostrar uma nova situação − o que remete às tiras de quadrinhos. Várias vezes, por exemplo, o garoto Elia joga no lixo sem tocar o prato de lentilhas que uma tia simpatizante dos israelenses costuma mandar de presente. Trata-se de um ato corriqueiro que adquire força de gesto simbólico, ao ser reforçado pela repetição. É como se, na memória do diretor, aquelas pessoas tivessem se transformado em figuras de cinema mudo ou de gibi. Ou talvez seja um truque para encaixar 60 anos de peripécias e emoções em algumas páginas de roteiro cinematográfico. O efeito é encantador, cômico e melancólico ao mesmo tempo, como as comédias de Jacques Tati. O filme foi selecionado para a competição do Festival de Cannes 2009. Participou no Festival do Rio 2009 e na 33ª Mostra de Cinema de SP.

O QUE RESTA DO TEMPO
The Time That Remains
Direção Elia Suleiman
Bélgica/França/Itália/Reino Unido 2009
estreia 05 02 2010
Gênero Drama / História
Distribuição Imovision
Com Elia Suleiman, Saleh Bakri,
Samar Tanus, Shafika Bajjali

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Olá,
Parabéns pelo blog!
esse filme ajudou bastantena minha pesquisa.
Obrigada pela dica.

um beijo
Camila Garcia
www.expressaexpressao.blogspot.com

Bruna disse...

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