Chega às locadoras o DVD de Querô, um dos mais emocionantes filmes nacionais do ano passadp. É a adaptação de Carlos Cortez de uma peça de Plínio Marcos, o autor de Navalha na Carne e Dois Perdidos numa Noite Suja. Este é o 1º longa de ficção feito por Carlos Cortez, um documentarista interessado em registrar origem do samba paulista em filmes como Seu Nenê da Vila Matilde e Geraldo Filme. Querô é um dos personagens que mais se aproximam da própria pessoa de Plínio Marcos: uma espécie de alter ego sombrio do dramaturgo. Alguém que ele poderia ter conhecido pessoalmente, quem sabe até como amigo, não fosse a oportunidade de se transformar em artista. Querô perdeu a mãe quando ainda era um bebê. Foi criado no prostíbulo onde ela vivia, no centro de Santos, e cresceu nos cortiços e becos do cais do porto. Por causa de pequenos delitos, foi parar na Febem. Mas não se misturou com os profissionais do crime e nem conseguiu se integrar ao meio social. Ou seja, o garoto era um marginal completo, porque permaneceu numa espécie de limbo em que a mera sobrevivência é quase um milagre. Assim como Querô, Plínio Marcos não se encaixava facilmente nas categorias ocupcionais pré estabelecidas: era um teatrólogo popular que não conseguia suportar o ambiente industrial da televisão, onde fizera sucesso como ator no início da carreira. Um escritor que, apesar de respeitado pelos críticos e demais formadores de opinião, era obrigado a vender seus livros pessoalmente, de mão em mão nas filas dos teatros. Um imenso criador que não deu sorte ao nascer e crescer num mundinho tão pequeno que não tinha lugar capaz de abrigar um talento daquele tamanho.
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