Por sua vez, os realizadores do documentário não quiseram fazer uma pilantragem com o tema e foram entrevistar até o contador que deu origem à destruição do ídolo. Apesar de fazer mais de 300 shows por ano, em vários países, e rivalizar em popularidade com o próprio Roberto Carlos, um dia Simonal foi informado que estava financeiramente quebrado. A reação desastrada e truculenta foi contratar dois gorilas para uma surra no suposto ladrão. Acontece que eles eram do DOPS e foi assim que se iniciou a sua vertiginosa decadência. Também são ouvidos o músico Sabá (que trabalhava com ele), a esposa e os dois filhos (Max de Castro e Simoninha) e aí a emoção é incontrolável. Mais do que um volumoso coral de opiniões, com seus prós e contras, preferiu-se escolher as vozes exatas e dotadas de credibilidade para contar essa história triste. Todas emolduradas uma que suplanta as demais em afinação, timbre e balanço: a mais bela voz de cantor popular que o Brasil já teve.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
“Ninguém Sabe o Duro que Dei” recebeu Menção Honrosa no Festival É Tudo Verdade.
Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal fizeram um documentário digno dos prêmios e elogios recebidos. Um trabalho reflexivo e de investigação que, acima de tudo emociona. Não é possível manter os ouvidos e a alma indiferentes àquele talento recuperado pelas gravações de arquivo. Especialmente as da Record, que tornam presente o tempo em que Wilson Simonal (1939-2000) arrasava ao lado de Elis Regina e Sara Vaughan e se mostrava um líder carismático ao reger 30 mil pessoas num coral dionisíaco no Maracananzinho. Era o melhor intérprete de seu tempo, mas isso não impediu que cometesse as maiores besteiras que alguém poderia fazer consigo mesmo. Gente confiável, como Pelé, Nelson Motta, Miéle, Artur da Távola, Chico Anísio, Sergio Cabral e Ricardo Cravo Albin analisam o que aconteceu e defendem a versão pela qual, na verdade, ele não era informante do SNI e praticara uma bravata errada, na época errada. Ao lado de José Bonifácio de Oliveira (o Boni da Globo), Ziraldo e Jaguar (que dirigiam O Pasquim, quando Simonal se envolveu numa catastrófica auto-calunia) só não pedem desculpas, mas se explicam, argumentando que, na época dolorosa da ditadura, os ânimos se polarizavam.“Se a direita era perversa, a esquerda era intransigente”, argumenta Ziraldo, para justificar a “espinafração” do semanário sobre o cantor. Não era possível o meio-tom, nem uma interpretação relativista das coisas. E o Boni releva que as emissoras de TV lavaram as mãos, mas os músicos e os diretores de programas o condenaram ao ostracismo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário