Lançado em DVD, "O Pequeno Nicolau" uma comédia leve esperta, a ponto de reavivar a esperança na sobrevivência do humor cinematográfico francês, ultimamente abalado em face dos tristes exemplos que vêm sendo apresentadas no mercado brasileiro. Resultado da colaboração entre René Goscinny (1926-1977) – o impecável criador de Asterix – e o cartunista Jean-Jacques Sempé, o roteiro coloca em pauta qualidades que deveriam ser obrigatórias em qualquer texto que pretenda despertar o riso. Falo de concisão, originalidade, presteza, senso crítico e, principalmente, empatia com o público. São ingredientes tão indispensáveis que grandes cômicos, como Chaplin e Jacques Tati jamais os ignoravam.
Trabalhando com a memória das suas próprias infâncias, os dois autores partilharam as páginas de publicações semanais francesas, como o Sud-Ouest Dimanche e já foram lançadas em livro no Brasil, em 1986. Portanto, Nicolau é um garoto de sete ou oito anos que se movimenta nos anos 1950 e nos traz o sabor irremediavelmente superado da vida escolar e familiar naquela época. Mas assim mesmo consegue ser atemporal em seu encanto infantil, a um só tempo sarcástico e inocente. O personagem foi comparado com o "Menino Maluquinho" de Ziraldo, porém tem muito mais a ver com “Mafalda” desenhada por Quino, com “Calvin” de Bill Waterson, ou até com “Peanuts” de Charles Schultz. Ou seja, em todos esses casos as crianças dos quadrinhos não se referem apenas à infância em si, mas ao próprio mundo adulto. Esse é na verdade o alvo desse tipo de humor que, no caso de Nicolau revela o universo patético dos pais e professores. É possível que as crianças de hoje não morram de rir, como aquelas que estão escondidas dentro de cada um de nós adultos.
O PEQUENO NICOLAU *Le Petit Nicolas * França, 2009, 91 min, livre. *gênero infantil / comédia / história *Distribuição Europa Filmes *Direção Laurent Tirar *Com Maxime Godart, Valérie Lemercier e Sandrine Kiberlain *C O T A Ç Ã O * * * * Ó T I M O
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Um comentário:
Este filme tem uma ingenuidade, um senso de oportunidade de ser feliz, nos dá um grande bem-estar em assisti-lo e saudade de uma época em que era mais verossímil acreditar em uma humanidade de boa-fé.
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