Ainda que este seja ainda o 2º trimestre 2011, “Minha Versão do Amor” já está na minha lista de melhores do ano, por diversos motivos. Primeiro porque nos dá a chance de admirar desempenhos antológicos como os de Dustin Hoffman e Paul Giamatti – no auge da sua técnica. Ele parece nos desafiar a não nutrir simpatia para com o tipo que ele interpreta: Barney, um sujeito beberrão e rabugento, daqueles que preferem perder um amigo a perder uma piada. Alguém mais chegado ao uísque e aos charutos do que às regras sociais ou à própria saúde e capaz de sacrificar qualquer coisa por uma partida de hóquei. Hóquei? Bem, o filme é canadense e faz questão de sublinhar essa origem, adaptando um livro de Mordecai Richler, falecido em 2001 aos 70 anos: um dos mais bem sucedidos roteiristas daquele país, autor de filmes ainda importantes para o entendimento do mundo atual, como “As Loucuras de Dick & Jane” (2005).
Numa sutileza do diretor Richard Lewis, alguns dos mais conhecidos cineastas do Canadá – como David Cronenberg, Denys Arcand, Ted Kotcheff e Atom Egoyam – fazem pontas em determinadas cenas. Outra sutileza: Dustin Hoffman interpreta o pai de Barney e seu filho Jake Hoffman faz o papel de filho dele. Uma proeza adicional de Giamatti é “rejuvenescer” uns 30 anos, para caracterizar o personagem agora e nos anos 1970. O tema é a história de uma vida atribulada e cheia de emoção, ainda que considerada pelo seu protagonista como um formidável fracasso. Por sua vez o filme também assume essa mesma falta de coerência interna, em termos de foco: a proposta é provocar o riso ou o desalento? Vamos divertir o público ou levá-lo a constatar o patético da existência humana?
Logo na primeira cena, por exemplo, temos uma piada em que o assunto é um ataque cardíaco. Mais adiante, o roteiro nos leva a sorrir sem culpa diante de um de um assassinato, em que Barney é o principal suspeito. Talvez o modo canadense de fazer cinema esteja em construção a partir desse tipo de sincretismo entre estilos tão diversos quanto o melodrama clássico de Hollywood e o neo-realismo italiano, o grafismo das séries televisivas e as reflexões existencialistas de algumas cinematografias européias.
As cenas rodadas em Roma dão a impressão de que embarcamos numa farsa de Mario Monicelli, mas, nos momentos finais experimentamos uma densa dose de angústia que remete a Ingmar Bergman do tempo de “Morangos Silvestres” (1957). Além da cativante e quase líquida movimentação da narrativa − capaz de saltar sem solavanco de uma passagem poética, para um qüiproquó de farsa teatral renascentista − a grande qualidade (de Barney e do próprio filme) é o senso de humor. Uma comicidade esperta como a de Woody Allen e cortante como a de Groucho Marx. Ou seja, aquela capacidade de produzir ironia e sarcasmo em tiradas nas quais ele mesmo é o alvo preferencial.
Numa sutileza do diretor Richard Lewis, alguns dos mais conhecidos cineastas do Canadá – como David Cronenberg, Denys Arcand, Ted Kotcheff e Atom Egoyam – fazem pontas em determinadas cenas. Outra sutileza: Dustin Hoffman interpreta o pai de Barney e seu filho Jake Hoffman faz o papel de filho dele. Uma proeza adicional de Giamatti é “rejuvenescer” uns 30 anos, para caracterizar o personagem agora e nos anos 1970. O tema é a história de uma vida atribulada e cheia de emoção, ainda que considerada pelo seu protagonista como um formidável fracasso. Por sua vez o filme também assume essa mesma falta de coerência interna, em termos de foco: a proposta é provocar o riso ou o desalento? Vamos divertir o público ou levá-lo a constatar o patético da existência humana?
Logo na primeira cena, por exemplo, temos uma piada em que o assunto é um ataque cardíaco. Mais adiante, o roteiro nos leva a sorrir sem culpa diante de um de um assassinato, em que Barney é o principal suspeito. Talvez o modo canadense de fazer cinema esteja em construção a partir desse tipo de sincretismo entre estilos tão diversos quanto o melodrama clássico de Hollywood e o neo-realismo italiano, o grafismo das séries televisivas e as reflexões existencialistas de algumas cinematografias européias.
As cenas rodadas em Roma dão a impressão de que embarcamos numa farsa de Mario Monicelli, mas, nos momentos finais experimentamos uma densa dose de angústia que remete a Ingmar Bergman do tempo de “Morangos Silvestres” (1957). Além da cativante e quase líquida movimentação da narrativa − capaz de saltar sem solavanco de uma passagem poética, para um qüiproquó de farsa teatral renascentista − a grande qualidade (de Barney e do próprio filme) é o senso de humor. Uma comicidade esperta como a de Woody Allen e cortante como a de Groucho Marx. Ou seja, aquela capacidade de produzir ironia e sarcasmo em tiradas nas quais ele mesmo é o alvo preferencial.
MINHA VERSÃO DO AMOR
Barney´s Version
Direção: Richard J. Lewis
estreia 22 04 2011
EUA - 2010 – 134 min. – 14 anos
Gênero: Comédia / drama / costumes
Distribuição California
Elenco: Paul Giamatti, Dustin Hoffman, Minnie Driver
COTAÇÃO
* * * * *
EXCELENTE
Barney´s Version
Direção: Richard J. Lewis
estreia 22 04 2011
EUA - 2010 – 134 min. – 14 anos
Gênero: Comédia / drama / costumes
Distribuição California
Elenco: Paul Giamatti, Dustin Hoffman, Minnie Driver
COTAÇÃO
* * * * *
EXCELENTE
Um comentário:
Divertindo o público simultaneamente que mostra o lado patético da vida humana.
Postar um comentário