Aqui, Ewan Mac Gregor é um ghost writer contratado para escrever as memórias de um primeiro ministro da Inglaterra, vivido por Peirce Brosnan e que remete diretamente à figura de Tony Blair. Esse personagem do filme fora condenado e afastado do governo inglês por entregar prisioneiros de guerra e suspeitos de terrorismo à CIA para serem torturados. Isso, na verdade não aconteceu exatamente assim com Tony Blair que, de fato, se associou aos desmandos internacionais de George Bush. Mas, esse foi justamente o teor da acusação que ele recentemente sofreu por parte de um dos integrantes de seu próprio governo. O mais curioso é que ainda neste ano de 2010, Tony Blair lançou de fato um livro auto-biográfico no qual comenta essas coisas. Quem teria sido então o verdadeiro ghost writer, se é que existiu mesmo?
De resto, o filme se desenvolve como uma peça fantasmagórica de suspense, na qual os aparelhos de GPS adquirem tanta importância na trama que parecem atualizar a clássica expressão “deos ex-machina”, cunhada no tempo da tragédia clássica. Ou seja, era uma máquina de ampliar a voz (um simples megafone mecânico), por meio da qual um ator interpretava a fala da intervenção de um deus do Olimpo na trama da peça. Na dramaturgia moderna isso se refere a uma reviravolta narrativa provocada por um acontecimento que "cai do céu", sem qualquer preparação dramática. É como se hoje em dia, o mais banal dos personagens do cinema carregasse um deus olimpiano encerrado em seu celular ou no GPS do carro. Parecido com aquele gênio que Aladin encontrou preso e disponível dentro de uma lâmpada.
O Escritor Fantasma
The Ghost Writer
lançamento em DVD: 12 de 2010
França / Alemanha / Inglaterra 128 min
gênero suspense / história / política
Direção Roman Polanski
com Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Kim Cattrall
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO
The Ghost Writer
lançamento em DVD: 12 de 2010
França / Alemanha / Inglaterra 128 min
gênero suspense / história / política
Direção Roman Polanski
com Ewan McGregor, Pierce Brosnan, Kim Cattrall
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO
Um comentário:
Bah, eu vi "O Último Portal”, nem me lembrava mais disso he
Eu gostei bastante do final do "O Escritor Fantasma". Não gosto de filmes políticos, mas o Polanski conduz tão bem a história que a deixa interessante.
E parabéns pelo texto... Foi o primeiro que eu li que não menciona os acontecimentos da vida do Polanski (ou que chama ele de monstro...).
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