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domingo, 12 de dezembro de 2010

A obra do mestre sueco Ingmar Bergman continua surpreendendo até hoje

Acaba de ser lançado em DVD pela Versátil “Para não falar de todas essas mulheres", uma comédia inédita no Brasil que Bergman fez em 1964. É um trabalho contemporâneo ao “8 e ½” de Fellini, e com o qual tem alguns pontos de contato – especialmente no clima de sonho e no ambiente não realista e alegórico em que ele situa a história. Um crítico de música é contratado para elaborar uma biografia de um violoncelista famoso que vive num castelo com suas sete mulheres. Há aí outro parentesco com Fellini e seu filme “A Cidades das Mulheres”, de 1980.
Mas, o enredo é menos impressionante do que a encenação, trazendo um humorismo arrasador em sua abundância de recursos verbais e visuais, especialmente por conta da habilidade Jarl Kulle – o grande ator do teatro sueco que morreu em 1997, aos 70 anos e que vimos trabalhando com Bergman em “Fanny & Alexander” (1982). Ao lado de atrizes como Bibi Anderson (“O Sétimo Selo”) e Harriet Anderson (“Gritos e Sussurros”), a performance dele é impressionante porque faz referência a Charles Chaplin do cinema mudo, a Groucho Marx da comédia musical e à comicidade metafísica de Jacques Tati. O adjetivo vanguardista é perfeitamente adequado para esta experiência em que, já naquela época, Bergman brincava de metalinguagem, comentando a encenação enquanto ela se fazia, permitindo que os personagens olhem para a câmara e interpelem diretamente o público e, enfim, abalando as fronteiras entre cinema e teatro.
Para não falar de todas essas mulheres
För att inte tala om alla dessa kvinnor
Suécia / 1964 / Eastman Color / 80 min
gênero comédia / história
Distribuição Versátil
Direção Ingmar Berman
Com Bibi Anderson, Jarl Kulle e Harriet Anderson
COTAÇÃO
* * * *
ÓTIMO

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