Acaba de ser lançado em DVD pela Versátil “Para não falar de todas essas mulheres", uma comédia inédita no Brasil que Bergman fez em 1964. É um trabalho contemporâneo ao “8 e ½” de Fellini, e com o qual tem alguns pontos de contato – especialmente no clima de sonho e no ambiente não realista e alegórico em que ele situa a história. Um crítico de música é contratado para elaborar uma biografia de um violoncelista famoso que vive num castelo com suas sete mulheres. Há aí outro parentesco com Fellini e seu filme “A Cidades das Mulheres”, de 1980.
Mas, o enredo é menos impressionante do que a encenação, trazendo um humorismo arrasador em sua abundância de recursos verbais e visuais, especialmente por conta da habilidade Jarl Kulle – o grande ator do teatro sueco que morreu em 1997, aos 70 anos e que vimos trabalhando com Bergman em “Fanny & Alexander” (1982). Ao lado de atrizes como Bibi Anderson (“O Sétimo Selo”) e Harriet Anderson (“Gritos e Sussurros”), a performance dele é impressionante porque faz referência a Charles Chaplin do cinema mudo, a Groucho Marx da comédia musical e à comicidade metafísica de Jacques Tati. O adjetivo vanguardista é perfeitamente adequado para esta experiência em que, já naquela época, Bergman brincava de metalinguagem, comentando a encenação enquanto ela se fazia, permitindo que os personagens olhem para a câmara e interpelem diretamente o público e, enfim, abalando as fronteiras entre cinema e teatro.
Mas, o enredo é menos impressionante do que a encenação, trazendo um humorismo arrasador em sua abundância de recursos verbais e visuais, especialmente por conta da habilidade Jarl Kulle – o grande ator do teatro sueco que morreu em 1997, aos 70 anos e que vimos trabalhando com Bergman em “Fanny & Alexander” (1982). Ao lado de atrizes como Bibi Anderson (“O Sétimo Selo”) e Harriet Anderson (“Gritos e Sussurros”), a performance dele é impressionante porque faz referência a Charles Chaplin do cinema mudo, a Groucho Marx da comédia musical e à comicidade metafísica de Jacques Tati. O adjetivo vanguardista é perfeitamente adequado para esta experiência em que, já naquela época, Bergman brincava de metalinguagem, comentando a encenação enquanto ela se fazia, permitindo que os personagens olhem para a câmara e interpelem diretamente o público e, enfim, abalando as fronteiras entre cinema e teatro.
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